Etiqueta de eficiência do Inmetro mais confunde que ajuda

Com categorias incorretas e critérios distorcidos, Programa Brasileiro de Etiquetagem tornou as notas de eficiência energética pouco confiáveis

Programa Brasileiro de Etiquetagem | Imagem: Divulgação

O Inmetro divulgou nesta semana a edição 2013 do Programa Brasileiro de Etiquetagem, que mede e eficiência energética de diversos modelos à venda no País. Neste ano, a lista cresceu e incluiu mais de 20 marcas das quase 50 que atuam no mercado.

Mas o que poderia ser uma boa notícia se revelou um problema em potencial. Os critérios utilizados são confusos e acabam resultando em notas aparentemente injustas. A classificação dos modelos avaliados, por exemplo, chega a causar risos. O XC60, da Volvo, é para o Inmetro um “utilitário esportivo” com motor 2.0 e um “fora de estrada” se o mesmo modelo usa o motor 3.0 litros. A Kombi, então, ganhou nova função para o órgão do governo: “minivan”.

Seria engraçado caso esses erros não afetassem o resultado da avaliação. Se a medição de combustível exibe dados absolutos, a classificação por notas depende dos veículos de cada categoria que foram testados.

Veja o caso dos “fora de estrada”. Para o Inmetro, o Duster, da Renault, e o ML 350, da Mercedes-Benz, estão na mesma categoria. Só que o primeiro tem motor 2.0 de 142 cv e o segundo, um V6 com mais que o dobro da potência, isso sem falar no porte bem mais avantajado, claro.

Com média de 8,9 km/l na cidade na versão 4x4, o Renault ganhou nota A, já o Mercedes foi classificado como D, com média urbana de 6,4 km por litro de gasolina. É como se o Inmetro colocasse no mesmo balaio um fogão de camping e um modelo de uso industrial.

Ar-condicionado é ponto negativo

Mesmo quando analisou versões de um mesmo carro, o resultado mostra-se pouco prático. O Siena EL, da Fiat, foi testado com motor 1.0 e motor 1.4. A versão popular ganhou nota A entre os modelos da mesma categoria enquanto o 1.4 levou um C. Naturalmente, a versão mais potente teria consumo pior, mas o fato de o Siena 1.4 ter direção hidráulica e ar-condicionado, equipamentos que consomem energia do carro, justificou ainda mais os números menores. Aparentemente, isso não entra na conta, ou seja, se o consumidor seguir apenas a etiqueta de eficiência vai ser obrigado a comprar um veículo com direção sem assistência e sofrer com o calor do Verão.

Como a participação nas próximas edições do programa será obrigatória para os fabricantes que aderiram ao Inovar-Auto, cabe ao Inmetro revisar o quanto antes esses critérios para não prejudicar veículos injustamente, afinal a eficiência energética é um dos pontos que serão analisados na hora de conceder reduções na alíquota do IPI.

Baixe o arquivo com as notas do veículos analisados pelo Inmetro.