Etios ajuda Toyota a chegar no inédito 4º lugar em vendas
Compacto, que chegou ao Brasil em 2012 com várias críticas, bateu seu recorde de emplacamentos em julho e mostrou que brasileiro sabe perdoar um produto que nasceu aquém do esperado
“Carro para indiano”, “não é um Toyota”, “painel de balança Filizola”, “mal acabado” e por aí vai. Foram reações como essas que o Etios despertou quando chegou ao Brasil no final de 2012. O compacto da Toyota surgiu primeiro na Ásia como um veículo para países em desenvolvimento e gerou muita desconfiança, afinal não trazia um estilo à altura do que a marca, famosa pela qualidade e confiabilidade mas também por ter veículos atraentes, possuía na época.
Ainda assim, mesmo com um certo atraso do projeto da fábrica de Sorocaba, o Etios foi lançado no Brasil, mas numa época não propriamente correta. Junto com ele também estreou o HB20, da Hyundai, e com uma estratégia completamente diferente da Toyota. Em vez de ‘global’, o compacto sul-coreano foi desenhado para o Brasil e sobrava em visual atraente e acabamento esmerado.
O resultado não poderia ser diferente: enquanto o HB20 logo foi para o topo do ranking o Etios sofreu para emplacar 2 mil carros por mês.
Mea culpa
A recepção da crítica, incluído este jornalista na época, foi ruim. Mesmo com algumas melhorias no modelo nacional, o Etios deixou a desejar no acabamento, nos itens de série e nas soluções ultrapassadas como o painel de instrumentos central e com mostradores difíceis de serem lidos.
Mas a base mecânica foi elogiada. Os dois motores, 1.3 litro e 1.5 litro, eram econômicos, a direção, elétrica e a suspensão, bem acertada. Ou seja, existia potencial no Etios.
Logo, a Toyota percebeu que só o nome da marca não seria suficiente para que o Etios, e sua versão sedã de design menos agradável ainda, vendessem o mínimo necessário. Mudanças foram incorporadas a cada linha lançada e na versão 2017 um longo ‘mea culpa’ do presidente da empresa na América do Sul, Steve D´Angelo, que reconheceu os erros e deficiências do carro.
Pois não é que, quase quatro anos após chegar às lojas, o Etios bateu seu recorde de vendas? Foram 4.336 unidades emplacadas em julho, que ajudaram a Toyota a chegar a um feito inédito, ser a 4ª marca mais vendida do Brasil.
Versão automática
A posição era de certa forma esperada afinal estamos falando da marca mais vendida no mundo por vários anos, mas vale lembrar que hoje o portfólio dela é enxuto. Além do Etios, temos como destaques a picape Hilux e o SUV SW4, que lideram seus segmentos, e o “intocável” Corolla, sedã que não sentiu os efeitos da crise e continua emplacando muito.
O Etios é a prova que, sim, o consumidor sabe valorizar um produto que evolui. É verdade que ele continua com a mesma cara sem graça de quando chegou (nem a nova versão Platinum melhorou isso), mas tem falado mais alto a boa experiência de seus proprietários para que o modelo siga um caminho inverso ao comum, que é vender menos no final da vida útil.
Ajudam também a recém incorporada versão com câmbio automático e também o atual estágio do mercado brasileiro que, enfraquecido, tem dado preferência a produtos confiáveis.
Sim, o Etios ainda vende bem menos que o rival HB20, mas deve se colocar na conta o fator design, levado muito em conta pelo brasileiro. Não há dúvida que a próxima geração do compacto corrigirá essa deficiência e pode, sim, tornar esse 4º lugar da Toyota não um fato isolado, mas uma ocorrência comum e com todos os méritos.