Entenda como a tecnologia será a chave para o futuro das fabricantes
Stellantis espera aumentar receita em mais de R$ 126 bilhões com softwares e serviços
Ao longo dos últimos meses, na medida em que apresentavam seus planos para o médio prazo, algo começou a se tornar cada vez mais constante na apresentação das principais fabricantes globais: o foco no desenvolvimento e oferta de novos softwares e serviços.
A princípio pode não fazer muito sentido envolver empresas do setor automotivo com tecnologia, mas tanto o grupo Renault quanto o grupo Volkswagen, dois gigantes do setor, reforçaram em suas estratégias globais a ênfase cada vez maior no desenvolvimento de produtos avançados de conectividade que podem aumentar suas receitas corporativas.
Nesta terça-feira, quem pegou carona e deu um bom exemplo de como tudo isso vai funcionar foi a Stellantis, conglomerado que reúne algumas das marcas mais famosas ao redor do mundo, entre elas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, todas atuando no mercado brasileiro.
Em escala global, a Stellantis anunciou hoje que espera gerar cerca de 20 bilhões de euros de receitas anuais, pouco mais de R$ 126 bilhões, por volta de 2030 somente com “ofertas e assinaturas de produtos habilitados para software”.
Isso significa, por exemplo, apresentar aos usuários do carro serviços de entretenimento, compras, entre outros, que podem ser adquiridos diretamente pela central multimídia do automóvel, por exemplo, como a Stellantis começou a oferecer aqui no Brasil por meio de sua plataforma Cart.
“Hoje, a Stellantis tem 12 milhões de carros conectados que podem ser monetizados em todo o mundo. Em 2026, espera-se que o total cresça para 26 milhões de veículos e gere aproximadamente € 4 bilhões em receitas e, em 2030, atingirá 34 milhões de veículos e aproximadamente € 20 bilhões em receitas anuais”, detalha a companhia.
Outro exemplo interessante será um programa de seguros que a Stellantis lançará em 2022 baseado na utilização do carro. Ele será capaz de monitorar a forma como o motorista dirige, o que poderá baratear o custo da cobertura dependendo dos hábitos do condutor. A novidade será oferecida por meio de braços de financeiros do conglomerado, estreando em primeiro lugar na Europa e América do Norte, mas com a intenção de expandir globalmente o serviço.
Novas plataformas
Para aumentar os recursos e funcionalidades que poderão ser oferecidos nos carros das diversas marcas da Stellantis, o conglomerado também anunciou nesta terça a introdução de três novas plataformas de tecnologia, que serão implantadas a partir de 2024.
“O coração da transformação para serviços centrados no cliente é a nova arquitetura elétrica/eletrônica (E/E) e de software, STLA Brain”, detalha a Stellantis.
"A STLA Brain é totalmente capaz de realizar atualização remota over-the-air (OTA) e conta com 30 módulos endereçados, contra 10 atualmente, tornando-a altamente flexível. É uma arquitetura orientada a serviços totalmente integrada com a nuvem, que conecta unidades de controle eletrônico dentro do veículo com o computador central de alto desempenho (HPC) do veículo por meio de um barramento de dados de alta velocidade”, esclarece.
Outra evolução importante dentro do conglomerado será o STLA SmartCockpit. “Construído sobre o STLA Brain, o STLA SmartCockpit integra-se perfeitamente com a vida digital dos ocupantes do veículo para criar um terceiro espaço de vida personalizável. Estudos mostram que os clientes passam em média quatro anos de suas vidas em seus veículos e isso só está aumentando. O novo recurso, desenvolvido pela joint venture entre a Stellantis e a Foxconn chamada Mobile Drive, vai oferecer aplicativos baseados em inteligência artificial, como navegação, assistência de voz, mercado de comércio eletrônico e serviços de pagamento”, explica a Stellantis em comunicado.
Outra plataforma importante será a STLA AutoDrive, desenvolvida em parceria com a BMW, que oferecerá recursos de direção autônoma de Nível 2, Nível 2+ e Nível 3 aos carros das diferentes marcas da Stellantis. A plataforma também poderá ser continuamente atualizada por meio da tecnologia OTA.
Interessante destacar ainda o impacto nos profissionais que vão ganhar cada vez mais espaço nas fabricantes.
A Stellantis anunciou a criação de uma academia de software e dados para treinar mais de 1.000 engenheiros internos.
A empresa também vai investir em softwares de ponta e talentos de inteligência artificial da indústria de tecnologia e de outros setores em todo o mundo.
Até 2024, a meta da Stellantis é contar com 4.500 engenheiros de software voltados para a eficiência, criando centros de especialistas nos diversos países onde atua.