Em vendas no varejo, Corolla Cross dá banho no Compass
Em três meses, novo SUV da Toyota já emplacou mais do que o dobro do Jeep, que aposta nas vendas diretas para liderar
No quadro geral do ranking, o Compass se mantém à frente do estreante Corolla Cross com uma vantagem confortável. Mas basta dividir esses emplacamentos entre vendas diretas e no varejo para constatar que o modelo da Toyota já é o preferido dos consumidores “pessoa física”.
Nas vendas realizadas pelas concessionárias, o Corolla Cross acumulou entre abril e junho quase 9,5 mil emplacamentos, 132% a mais que o Compass (4,1 mil unidades).
O SUV da Jeep responde com um amplo domínio nas vendas no atacado, ou seja, para clientes “pessoa jurídica”: foram 13,6 mil veículos no 2º trimestre de 2021. A Toyota, que não utiliza esse artifício com tanta ênfase em sua estratégia de vendas, teve somente 780 Corolla Cross emplacados dessa forma.
Em junho, o SUV médio da marca japonesa continuou sua escalada de vendas, chegando a 4,7 mil emplacamentos, acima do que os executivos da fabricante esperavam. O Compass, por sua vez, tem mantido um patamar em torno de 6 mil unidades mensais após a atualização visual e técnica introduzida em março.
Os dois ganharam a companhia do Volkswagen Taos, que em junho teve 463 emplacamentos, ainda chegando à rede de concessionários, mas que deve fazer o segmento crescer ainda mais neste semestre.
O Corolla Cross estreou já à frente do Compass no varejo
Pejotização
Esta coluna tem mostrado com frequência como as marcas ligadas à Stellantis têm abusado da estratégia de vendas diretas, uma modalidade que deveria ser restrita a comercialização para empresas com intuito de uso comercial de veículos.
Mas, como é comum no Brasil, buscam-se atalhos para evitar o recolhimento de impostos, com certeza em níveis excessivos. No entanto, isso não justifica práticas heterodoxas para oferecer produtos com preços artificialmente atraentes.
Por venda direta, existem várias possibilidades atualmente no mercado. A mais conhecida é a negociação de grandes lotes com frotistas como locadoras. Esse segmento aproveitou a onda dos aplicativos de carona para intermediar o aluguel de veículos para motoristas sem condições de obter um financiamento.
Jeep, no entanto, sobra nas vendas diretas
As vendas para PcD também acabaram inflando os pedidos realizados diretamente para as montadoras, mas esse mercado perdeu espaço recentemente com mudanças na legislação.
A FCA, agora parte da Stellantis, sempre foi especialista nessa forma de venda. E não é de surpreender que hoje seus principais modelos tenham a maior parte dos emplacamentos feitos por venda direta. A diferença é que há toda uma rede de incentivo para que pessoas comuns aproveitem a vantagem de comprar com um CNPJ em vez de CPF.
Graças à “pejotização” da economia brasileira, o que não faltam são pessoas empregadas e sendo pagas por meio de microempresas e, portanto, donas de um CNPJ, o registro da Receita Federal fornecida às empresas no país.
Distorção
Sites de ‘consultorias’ nesse tipo de venda podem ser encontrados na internet prometendo grandes descontos que chegariam a “um quarto do valor do automóvel” – como nenhuma tabela é disponibilizada, a modalidade trabalha com “orçamentos” para cada potencial cliente. Um desses sites, por exemplo, fala das vantagens das vendas diretas na Fiat, que conseguiria liberar o carro rapidamente.
A sacada aqui, é claro, envolve a isenção de impostos como o ICMS e que pode beneficiar até mesmo a compra de acessórios. Por outro lado, é necessário manter o veículo na “empresa” por um ano.
Embora seja legal, trata-se de uma brecha na legislação tributária que causa distorção e no fim afeta a própria montadora ao tornar seus produtos mais desvalorizados no mercado de usados. Além de punir o consumidor que não tem CNPJ e que arca com todos os impostos.
A grande pergunta que fica no ar é: se fosse tão bom por que a Toyota e outras marcas mais bem estabelecidas não fazem o mesmo?
O abismo entre as vendas do Corolla Cross e o Compass no varejo é um sintoma que há algo de errado aí.
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