Do estrelato ao esquecimento: veja os carros que já fizeram sucesso no Brasil
Queridinhos do público em outras épocas, vários modelos sobrevivem hoje com vendas modestas
O ano era 2010. A Hyundai nem havia estreado para valer seu estilo de escultura fluida, que ficou famoso em vários carros, mas alguns modelos importados para o Brasil faziam enorme sucesso por aqui. Tanto sucesso que incomodavam as montadoras instaladas no país, que não viam como competir com esses automóveis.
O principal modelo desse período foi o i30. O hatch compacto da Hyundai era importado da Coréia do Sul mas, mesmo sem motor flex, era um fenômeno nas vendas. Com preço bem mais atraente que seus rivais locais, ele terminou aquele ano com 35.922 unidades emplacadas, que fez dele o importado mais vendido do Brasil.
Claro que a festa acabou pouco tempo depois quando o governo federal aumentou os impostos de importação e implantou o Inovar Auto, programa que forçava as montadoras a instalar qualquer tipo de estrutura local para gerar empregos e “conteúdo nacional”.
O i30 deixou de ser importado recentemente quando a nova geração estreou lá fora e o mercado de hatches médios já apresentava forte queda, mas há modelos que estiveram sob os holofotes em épocas recentes e hoje ainda estão à venda, porém, com pouquíssimos interessados.
Veja a seguir os veículos que mais perderam espaço nos últimos anos.
1º Hyundai Azera (vendas em 2018: 35 unidades)
O sedã de luxo da Hyundai foi outro que, a exemplo do i30, teve um curto período de sucesso absoluto. Com preço extremamente atrativo, ele virou opção até para quem queria um Corolla ou Civic. Em 2011, nada menos que 8.411 exemplares chegaram ao país vindos da Coréia do Sul. Até o Fusion, mexicano, sofreu com ele, mas bastou as novas gerações, mais caras e sofisticadas, serem lançadas, e os impostos subirem para ele desaparecer. Hoje ele emplaca 99% menos que no seu melhor ano.
2º Kia Soul (vendas em 2018: 107 unidades)
O Soul foi celebrado pela Kia como o “carro design”. Com jeito de SUV, mas visual mais descolado, ele virou febre em 2011 quando emplacou 17.926 carros. Até produção local foi cogitada, mas a Kia não conseguiu resolver problemas jurídicos para instalar uma unidade no país. Outra vítima do aumento dos impostos para os importados, o Soul foi sumindo aos poucos até virar raridade nas ruas.
3º Honda CR-V (vendas em 2018: 399 unidades)
Ainda no início da proliferação dos SUVs, a Honda fez uma jogada esperta ao tirar o Accord da fábrica que mantém no México e o substituísse pelo CR-V, então com vendas crescentes. Com o acordo de isenção de impostos com o Brasil, o utilitário esportivo passou a ser muito competitivo a ponto de vender 18.746 unidades em 2010. De lá para cá, o SUV ficou mais caro e hoje é produzido nos Estados Unidos. O resultado é que a Honda traz pequenos lotes da versão Touring, mais cara, apenas para os fãs.
4º Honda Accord (vendas em 2018: 90 unidades)
Já que falamos dele, o sedã Accord teve uma breve notoriedade no Brasil quando foi produzido no México. Sem pagar impostos de importação, o sedã tinha preço bastante interessante, mas não tanto quanto o Fusion. Assim mesmo a Honda conseguiu vender 2.287 carros em 2006, antes que ele voltasse a ser produzido nos EUA. Hoje, com o lançamento da 10ª geração, a situação é outra. O carro é muito sofisticado e caro, restringindo sua demanda por aqui.
5º Renault Fluence (vendas em 2018: 686 unidades)
A Renault já confirmou a aposentadoria do Fluence, portanto, suas vendas em 2018 têm sido bem menores, mas isso não esconde o fato que o sedã médio já fez um relativo sucesso num segmento extremamente conservador. Em 2012 a marca francesa conseguiu vender 15.335 unidades, um belo número para um carro bem equipado e com preço competitivo na época. Mas o período de vacas gordas logo acabou a ponto de montadora desistir dessa categoria.
6º Fiat Uno (vendas em 2018: 12.942 unidades)
Ao contrário do Palio, o Uno segue no mercado, mas com poucas versões e espremido entre o Mobi e o Argo. Uma pena porque nunca o carro foi tão bom, pena que o preço já não seja tão interessante. Com isso, sua presença no mercado não é sombra do que já foi no começo da década. Em 2011, quando tanto o novo Uno quanto o Mille estavam entre os mais vendidos, foram emplacados 273.552 unidades, um marco na indústria brasileira.
7º Hyundai Santa Fe (vendas em 2018: 753 unidades)
Outra vítima dos impostos altos somado à elevação do padro do modelo, o Santa Fe nunca mais exibiu o mesmo sucesso de 2010 quando teve 8.107 emplacamentos. E não deve voltar a esse patamar nunca mais afinal já está num patamar de tecnologia e preço que restringe demais seu público. Muito diferente do tempo em que era figurinha fácil nas ruas.
8º Volkswagen Golf (vendas em 2018: 2.561 unidades)
Quem te viu, quem te vê. O Golf hoje é apenas um figurante na linha de produtos da Volkswagen, apesar de ser um dos melhores produtos na sua faixa de preço. Em 2002, a situação era outra. Com poucos anos de produção local, o hatch médio era desejado embora mais caro que seus rivais. Nem isso impediu que 27.176 clientes o levassem para casa. Atualmente, nem um décimo disso é vendido.
9º Ford Focus (vendas em 2018: 2.746 unidades)
Assim como o Golf, também o Focus sofre do fim de namoro com o público, que trocou os hatches pelos SUVs. O Ford teve seu melhor ano em 2011, época da segunda geração, quando vender 27.613 carros, mas apesar de resistir com vendas mais volumosas terá sua produção encerrada em 2019.
10º Kia Cerato (vendas em 2018: 2.179 unidades)
Outro Kia na lista, o Cerato também teve sua produção local cogitada quando vendeu 20.686 unidades em 2011. O sedã médio coreano tinha preço mais em conta que Civic e Corolla e aproveitou os custos mais competitivos de produção que no Brasil. Foi também um dos primeiros veículos a aproveitar o toque mágico do designer Peter Schreyer, mas com o tempo acabou crescendo e tornando-se um produto mais caro. Agora, com a produção no México, o sedã poderia ter uma nova fase de vendas em alta, mas isso não parece nos planos da Kia.