Diante do IPI mais alto, marcas premium pensam seriamente em produzir no Brasil
Mesmo com exigência de um índice de nacionalização alto, BMW, Mercedes-Benz, Land Rover e, agora, a Volvo têm planos concretos de fábricas nacionais
Em 2011, a BMW vendeu 217 mil carros na China, quase 19 vezes mais que o resultado no Brasil (11,5 mil unidades). E, mesmo assim, nosso mercado passou a ser tão importante para a marca alemã que o anúncio de uma fábrica no país é questão de tempo.
Se já enxergavam a salvação nos mercados emergentes, as marcas premium agora têm mais um motivo para investir no Brasil: o aumento de 30 pontos percentuais no IPI para veículos importados, decretado no final do ano passado e que atingiu em cheio as pretensões das marcas importadoras.
Enquanto as montadoras coreanas e chinesas correram para anunciar planos de produção local, para as marcas premium era uma questão de absorver parte do imposto e refazer as contas para baixo. A surpresa é que não só a BMW, mas Mercedes-Benz, Land Rover e, agora, a Volvo planejam abrir linhas de montagem no país - o presidente da marca sueca no Brasil, Paulo Solti, disse ao jornal Folha de São Paulo que há estudos nesse sentido, mas sem uma decisão tomada ainda.
Rede de fornecedores
Instalar uma fábrica no Brasil e com um índice de nacionalização de pelo menos 65% é uma tarefa extremamente difícil. Os altos custos do país somados à falta de fornecedores especializados nesse filão tornam o investimento arriscado. Não é só. Por mais que nosso segmento de luxo cresça ano após ano, ainda é pouco representativo no balanço geral de vendas dessas marcas. Para a Audi, por exemplo, o Brasil não absorve nem 1% das suas vendas globais mesmo sendo o 4º maior mercado de automóveis do mundo.
O outro problema envolve a escolha do modelo a ser feito aqui. Experiências anteriores, como a da Mercedes com o Classe A e da Audi com o A3, não foram bem sucedidas. É verdade que a situação mudou desde então e há alguns veículos importados com uma demanda muito forte. Mas os preços praticados no Brasil estão muito acima da média mundial. Enquanto um sedã Classe C 250, da Mercedes, sai por 34,5 mil euros na Alemanha (R$ 89 mil) e US$ 34,8 mil nos Estados Unidos (R$ 60 mil), no Brasil o preço chega a R$ 191 mil.
Ou seja, nacional ou importado, dificilmente as vendas chegariam a um patamar que justificaria uma fábrica local. Mas, na prática, isso não tem impedido que essas montadoras pensem seriamente em fincar terreno por aqui. Virou uma questão estratégica – leia-se, de sobrevivência.