Dentro de 10 anos, talvez você não precise mais possuir um carro
Compartilhamento de veículos responderá por um terço do tráfego de veículos até 2030, aponta consultoria
A consultoria PwC revelou nesta semana um relatório muito interessante analisando os rumos que o setor automotivo deverá tomar nas próximas duas décadas sobretudo em mercados mais maduros como os EUA e Europa. Os dados, contudo, antecipam tendências que podem se tornar realidade em muitos países ao redor do globo como o Brasil. É claro que a difusão de novas tecnologias por aqui ainda sofre um certo atraso em relação aos países desenvolvidos, inclusive por questões políticas, mas é sempre bom ficarmos de olho no que os estudos apontam.
O primeiro dado muito relevante no relatório da PwC, chamado Five trends transforming the Automotive Industry (ou Cinco tendências que estão transformando a indústria automotiva, em uma tradução livre), é que um em cada três quilõmetros de tráfego serão rodados em veículos compartilhados no mundo até 2030. O estudo aponta um aumento significativo dos veículos autônomos e elétricos na próxima década.
O tráfego de veículos também promete crescer. Na Europa e EUA, a expectativa é um acréscimo de 23% e 24%, respectivamente, na quilometragem média percorrida por cada indivíduo. Já para a China, a expansão esperada é de 183% nos quilômetros rodados individualmente.
O compartilhamento de veículos será combinado com o avanço dos carros elétricos e autônomos. Para 2030, 55% dos veículos produzidos no continente europeu devem ser elétricos.
“O estudo nos mostra que o aumento do tráfego se dará não apenas com o crescimento da população, mas também por que os veículos autônomos compartilhados poderão ser usados por pessoas que hoje não têm acesso ou não podem conduzir um veículo. Devemos pensar também que esses carros poderão viajar entre um ponto A e B e, no trajeto, coletar novos passageiros além de gerar novas receitas para os operadores”, explica Marcelo Cioffi, sócio da PwC Brasil.
Os dados coletados apontam ainda que a frota de automóveis deve cair drasticamente. Na Europa, a frota cairia dos 280 milhões atuais para 200 milhões de unidades e, nos EUA, de 270 para 212 milhões de veículos. Para a China, no entanto, a expectativa é de crescimento de 180 milhões para 280 milhões de carros até 2030.
As tendências irão impactar as vendas do setor. Para a Europa, 24 milhões de carros devem entrar no mercado nos próximos doze anos. Nos EUA, seriam 22 milhões de novos veículos e, na China, 35 milhões de novas unidades até 2030, um aumento de 30% em relação ao volume atual de carros vendidos no país.
“Neste cenário, as empresas devem buscar a liderança em inovação e reconhecer que a mobilidade não é mais um produto, mas sim um serviço. Esta mudança requer investimentos pesados em tecnologia e o desenvolvimento constante de novos produtos e serviços em ciclos mais curtos que os observados atualmente no setor”, destaca Cioffi.