Ricardo Meier

Comenta o mercado de vendas de automóveis e tendências sustentáveis

Demorou, mas o Brasil se livrou do câmbio automatizado, finalmente

Com fim da versão GSR do Cronos, sistema de embreagem mecanizada dá adeus ao mercado sem deixar saudades

Levou bem mais tempo do que essa coluna esperava, mas finalmente o câmbio automatizado deu adeus ao Brasil. Ao menos para quem compra carro zero km, afinal há milhares de veículos com o sistema rodando no país ainda. Quando comemoramos o fato de a tecnologia começar a ser abandonada pela indústria, em junho de 2018, ainda restavam algumas marcas que insistiam em oferecê-la, a despeito das baixas vendas.

Em março do ano passado, a Renault desistiu do sistema e logo em seguida, a Volkswagen, deixando a Fiat como única montadora a considerar a opção, claramente por falta de alternativas na época. Agora, com o fim da venda do Cronos GSR, a era dos câmbios automatizados chega ao fim sem deixar saudades.

Foram 12 anos em que a tecnologia figurou no mercado, desde o lançamento do Stilo Dualogic, em 2008. Embora Chevrolet, Volks e Renault tenham apostado na ideia, foi a Fiat, de longe, quem mais insistiu em considerá-la uma opção de trocas automáticas viável. Lembro bem de uma época em que os executivos da montadora tentavam convencer os jornalistas de que o sistema era realmente automático.

Como já explicado aqui, o problema maior do câmbio automatizado não era o funcionamento capenga, fruto da limitação natural de um equipamento que na prática se trata de uma embreagem robotizada. Foi a tentativa de vendê-lo com preços equivalentes ao de transmissões automáticas o maior pecado da indústria.

Fiat Stilo 2009
O Fiat Stilo inaugurou a tecnologia das trocas de marchas com trancos
Imagem: Divulgação

Se fosse uma alternativa pouco mais cara que um câmbio manual tradicional, o item até faria sentido. Veja como o mercado PCD cresceu, demandando carros sem pedal de embreagem. Mas na ânsia de ampliar a margem de lucro, algumas marcas simplesmente passaram a cobrar horrores por esses carros automáticos "fakes".

Foi decisivo também que as transmissões automáticas verdadeiras ganhassem popularidade e com isso tivessem seu custo de produção reduzido. Além de mais eficientes, elas valorizam o modelo, ao contrário do que ocorre com os carros de câmbio automatizado no mercado de usados.

O trocadilho é lamentável, mas a verdade que o câmbio automatizado não pegou nem no "tranco".

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