Correia dentada: como evitar que ela se torne um filme de terror
Correia dentada: como evitar que ela se torne um filme de terror
Parece até roteiro de filme de terror: você está dirigindo seu carro à noite, voltando para casa, quando ele começa a perder força. Em seguida, alguns ruídos metálicos partem do motor até ele parar completamente de funcionar. O monstro não vai chegar de repente à sua janela. Na verdade, ele está lá no cofre do motor, em forma de correia dentada arrebentada.
Pode parecer mentira, mas a cena acima é muito mais comum do que se imagina, especialmente para quem não se preocupa com manutenção preventiva e só procura o mecânico quando o carro quebra. No caso de quebra de correia dentada, o grande susto vai acontecer quando chegar a hora de pagar a conta: o prejuízo pode ultrapassar os R$ 10.000.
Para que serve a correia dentada?
A correia dentada é um dos componentes mais importantes do motor de um carro, responsável pelo sincronismo do propulsor. Esta sincronia entre os pistões e as válvulas é essencial.
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A mistura de ar e combustível entra nos cilindros pelas válvulas de admissão e, após a explosão pela vela de ignição, empurra os pistões para baixo. Quando os pistões retornam, o gás residual é expelido pelas válvulas de escape.
Se as válvulas não estiverem no momento correto de abertura ou fechamento, elas podem colidir com os pistões, danificando o cabeçote do motor. A correia dentada conecta o virabrequim (movido pelos pistões) ao comando de válvulas, garantindo que todo o processo aconteça de forma sincronizada.
Do que é feita a correia dentada?
A correia dentada é fabricada com materiais elásticos e resistentes, como borracha reforçada com fios de náilon. Seus dentes se encaixam nas engrenagens do virabrequim e do comando de válvulas, permitindo a transmissão precisa do movimento.
Entretanto, a exposição ao calor e à sujeira faz com que o material resseque e perca sua resistência ao longo do tempo. Se a correia se rompe, o movimento dos pistões e válvulas perde a sincronia, causando danos severos ao motor.
Possíveis prejuízos incluem:
- Substituição de válvulas, sedes e guias;
- Retífica do cabeçote;
- Em casos extremos, troca dos pistões e comandos de válvulas.
O custo do reparo pode superar facilmente os R$ 5.000 e ultrapassar os R$ 10.000, dependendo da gravidade dos danos e do tipo de motor.
Quando trocar a correia dentada?
O prazo para substituir a correia dentada varia conforme o modelo do carro e deve ser verificado no manual do proprietário. Como regra geral, a troca deve ser realizada a cada 60.000 quilômetros rodados ou três anos, o que ocorrer primeiro. Além da correia, é importante substituir os tensionadores, também conhecidos como polias ou esticadores, para garantir o funcionamento correto do sistema.
Quanto custa a troca?
O custo da troca varia conforme a complexidade do motor:
Motores com um comando de válvulas: a partir de R$ 500, incluindo mão de obra. Motores com duplo comando: a partir de R$ 700.
É essencial contratar um profissional experiente, com ferramentas adequadas, para garantir que o motor permaneça no ponto correto. Um ajuste inadequado pode resultar em perda de desempenho e aumento do consumo de combustível.
Como identificar problemas na correia dentada?
Os sinais de desgaste na correia ou nos tensionadores incluem:
- Ruídos estranhos, como barulho de borracha ou rolamentos secos;
- Vibrações anormais no motor;
Se notar qualquer um desses sinais, procure uma oficina imediatamente para evitar danos maiores.
E a correia de acessórios?
Além da correia dentada, os motores possuem a correia de acessórios, também conhecida como Poly-V e responsável por transmitir o movimento do virabrequim para componentes periféricos, como:
- Compressor do ar-condicionado;
- Bomba d’água;
- Alternador;
- Direção hidráulica.
Embora sua durabilidade seja semelhante à da correia dentada, a quebra da correia de acessórios geralmente não causa danos graves ao motor.
Corrente metálica e correia banhada a óleo
Motores mais modernos têm adotado sistemas alternativos:
Corrente metálica: instalada internamente e lubrificada, tem uma vida útil até quatro vezes maior do que a correia dentada convencional.
Correia banhada a óleo: feita de borracha e instalada dentro do motor, combina lubrificação constante com maior durabilidade e menor emissão de ruídos.
A vida útil da corrente e da correia banhada está ligada à qualidade do lubrificante. Prazo de troca e especificações indicados no manual de proprietário devem ser seguidos à risca. Caso contrário, os danos em caso de quebra são até mais graves do que os causados pelo rompimento das correias convencionais.
Cuidado com as falsificações e marcas desconhecidas
Se optar por comprar você mesmo a correia e levar para o mecânico substituir, muita atenção com as falsificações, especialmente em plataformas de e-commerce. Junto com as velas de ignição, as correias estão entre os itens mais falsificados. Prefira as originais, compradas em concessionários, ou de marcas que fornecem para os fabricantes, como Continental, Dayco ou Gates.