Comprar um carro novo, seminovo ou usado?
Especialistas entregam o jogo das lojas e dizem como fazer um bom negócio
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Qual carro comprar com até R$ 25.000 | Imagem: divulgação
Depois da residência própria, o automóvel é considerado o segundo bem de consumo mais importante que uma pessoa pode adquirir. Por isso, assim como escolher uma casa ou um apartamento, a tarefa de comprar um carro é algo que envolve um conjunto de ponderações. Logo, não é uma empreitada fácil.
“Comprar um carro é como um casamento. Além da paixão, há uma série de gastos com financiamento, combustível, seguro... É uma decisão que deve ser muito bem analisada para evitar contratempos”, aponta Paulo Garbossa, consultor da ADK Automotive.
Segundo especialistas, o fator “emoção” é responsável por até 80% das negociações concretizadas de um automóvel, seja um veículo novo, seminovo ou usado. “O carro da uma conotação de status a pessoa, que quer mostrar algo novo ou demonstrar uma nova fase de sua vida. Para alguns é um sonho realizado”, explica Francisco Satkunas, conselheiro da SAE Brasil.
Veja mais: Comprar um usado ou não, eis a questão
Para situar o leitor, AUTOO pesquisou quatro faixas de preços e apresenta os prós e contras de carros zero km, seminovos e usados, todos eles com valores aproximados. Em meio a esses quadros, mostramos as dicas que os especialistas ouvidos pelo site deram para fazer um bom negócio.
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Com até R$ 25.000 é possível comprar um Fiat Uno Vivace (zero km) ou então Peugeot 207 X-Line seminovo. Quer um usado? Chevrolet Astra 2004 ou VW Fox 1.6 Plus podem agradar com bons pacotes de itens e preços atraentes.
Qual comprar?
“A melhor época para se comprar um carro é quando se tem dinheiro no bolso”, brincou Garbossa. “Cada segmento tem suas vantagens e desvantagens. O veículo zero quilômetro conta com apoio nos financiamentos, pois as montadoras fazem de tudo para vender seus produtos novos. Já os seminovos e usados são negócios de oportunidade”, afirma Satkunas.
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Já com R$ 40.000 pode-se comprar um JAC J3 Turim zero km ou um Fiat Linea LX 1.8 seminovo. Opções de usados nessa faixa são o Ford Fusion 2.3 AT e o Honda Civic LXS AT, ambos fabricados em 2007.
O carro zero oferece uma situação mais confortável ao consumidor. A parte mecânica é mais confiável, os custos de manutenção são mais baixos e o carro tem garantia de fábrica. No entanto, com o passar do tempo (e de milhares de buracos, sol, chuva e eventuais batidas) os primeiros sinais de desgaste começam a surgir no veículo, que é rebaixado para “usado”.
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Quer um hatch "descolado" por até R$ 55.000? Um bom modelo zero km é o Ford Focus GLX 2.0. Já o Hyundai i30 AT 2011 é opção entre os seminovos, ao passo que MINI Cooper 1.6 2008 e BMW 120i 2005 agradam no mercado de usados
O carro usado pode ser atraente ao oferecer uma generosa lista de equipamentos e espaço interno superior pelo mesmo preço ou às vezes até inferior ao de um modelo 0 km. Contudo é um segmento cercado de “entretantos”: são carros com ruídos, folga na direção, embreagem gasta, problemas de amortecedores e molas, entre outros. Mas o fator que mais pode incomodar é o alto custo de manutenção, que inevitavelmente uma hora vira a tona.
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Sua opção é um SUV de até R$ 85.000? Se quiser um zero km pense no Hyundai ix35 MT. Se for pelo lado dos usados as opções são o Chevrolet Captiva AWD V6 2011 seminovo ou então os usados de luxo BMW X5 3.0 2004 ou o Jeep Grand Cherokee Overland 2007
Já a situação do seminovo é totalmente diferente e algumas vezes extremamente favorável e oportuna. “Algumas pessoas precisam vender seus carros novos, com 3 ou 6 meses de uso após a compra, para resolver problemas. E nesse momento que surgem negócios interessantes. Só o fato do automóvel estar registrado em nome do primeiro proprietário, mesmo tendo apenas 50 km, já classifica o ‘ex-zero-quilômetro’ como ‘carro usado’ e, portanto, bem mais barato que o novo”, aponta Satkunas.
Na definição da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo (Assovesp), o veículo seminovo deve ter, no máximo, três anos de uso, um só dono e baixa quilometragem (entre 5.000 km e 30.000 km). “Estrutura afetada por acidentes, defeitos na parte mecânica, sinais de ferrugem e modificações que alteram as características originais também rebaixam um veículo novo a seminovo”, explica o conselheiro da SAE.
Que cuidados tomar ao comprar um usado?
A grande vantagem do seminovo é o fato dele já ter passado pelo primeiro impacto da desvalorização, o que o torna interessante ao bolso do consumidor que não faz questão de comprar um veículo zero km. Ainda assim, todo cuidado é pouco. “Analisar as condições do carro é de suma importância na hora de escolher o automóvel. O brasileiro também não tem o hábito de fazer o test-drive e isso pode fazer toda diferença”, sugere o analista da ADK.
Também é preciso tomar muito cuidado com a lábia dos vendedores. “Eles bombardeiam a clientela com vantagens que os carros oferecem. Porém, as vezes, nem tudo é verdade”, alerta Satkunas. “As lojas vendem carros usados como sendo seminovos, é preciso tomar muito cuidado”, complementa o consultor.
É neste momento que a desconfiança fala mais alto. “Quando a esmola é grande o santo desconfia. Carros usados com valor muito abaixo da tabela exigem certos cuidados, pois podem não ser legítimos. Para atestar a procedência do veículo o melhor a fazer é exigir uma ‘inspeção técnica’ a loja ou ao vendedor particular”, indica o analista da SAE.
O serviço de inspeção técnica, que custa em média R$ 120,00, é realizado por empresas especialistas, que analisam desde a documentação do carro à parte mecânica e de carroceria. “Essa é melhor forma de descobrir as ‘cicatrizes’ de um automóvel”, salienta Garbossa.
Como apontamos no início, a tarefa não é fácil e para realizar um bom negócio é preciso ter muita paciência e pesquisar sobre o carro até puder. Se tudo for feito da forma correta e de maneira cuidadosa, a satisfação é garantida, seja na compra de um automóvel novo, seminovo ou usado.