Com HR-V e Renegade à frente, jipinhos foram exceção positiva em 2015
Utilitários esportivos tiveram alta de quase 50% nas vendas em ano em que mercado encolheu mais de 30%
Para Honda e Jeep, 2015 foi um ano para comemorar. É como se elas nem tivessem notado a crise que se abate pela indústria automobilística nacional, com previsão de encolher mais de 30% em relação a 2014. A razão é simples: as duas marcas estrearam no segmento de SUVs compactos com os dois veículos mais desejados do ano passado, o HR-V e o Renegade.
Duas tacadas certeiras por mirarem num tipo de automóvel em alta e também por oferecerem mais do que as concorrentes já estabelecidas, a Ford, Chevrolet e Renault. Até novembro (os dados de 2015 ainda serão divulgados nesta semana), o jipinho da Honda acumulava nada menos que 50 mil unidades vendidas em apenas nove meses de vendas. É quase o mesmo que alcançou o EcoSport, então a referência absoluta da categoria, em 2014 quando ainda curtia a liderança e os benefícios da nova geração.
Já o Renegade começou devagar mas hoje exibe números ainda mais vistosos: de abril a até meados de dezembro, ele amealhava 38 mil emplacamentos suficientes para alcançar 22% de participação. Mas nos últimos meses, ele deixou para trás o Honda e tem sido o mais emplacado SUV do país.
Juntos, ele e o HR-V responderam por metade das vendas mesmo custando mais do que seus concorrentes.
EcoSport, a vítima
O ano contou ainda com a estreia de outros dois jipinhos, o 2008, da Peugeot, e o S-Cross, da Suzuki, mas ambos tiveram desempenho modesto ao conquistar apenas 4% das vendas. A maior vítima, no entanto, do desembarque de tantos rivais foi mesmo o EcoSport.
O pioneiro SUV da Ford demorou a ter um concorrente até a chegada do Duster, da Renault, mais simples porém maior e que soube encontrar a clientela própria. Já o Eco não só caiu de 46% de participação para apenas 19% como também viu o Duster ultrapassá-lo.
Mesmo com essas oscilações, o segmento de SUVs compactos cresceu quase 50% num ano terrível para o mercado. É de se imaginar o que teria acontecido se estivéssemos num momento normal na economia.
Best-seller em São Paulo, rei do Nordeste
O ótimo desempenho de HR-V e Renegade esconde algumas diferenças de atuação no país. A Honda, por exemplo, é uma marca muito forte no Sudeste, sobretudo em São Paulo, e foi nessa região que o HR-V bombou. No estado paulista, por exemplo, ele é o hoje o 5º automóvel mais vendido, à frente de vários carros mais baratos. São Paulo responde por nada menos que 40% das vendas do modelo, mas ele vai bem em outras praças como o Rio de Janeiro e Minas Gerais, justamente a terra da FCA, dona do Renegade.
O Jeep enfrentou um desafio diferente. Foi preciso criar uma nova rede de lojas para comercializá-lo afinal até então existiam apenas poucos showrooms para os mais caros modelos importados da marca. Numa operação de guerra, a FCA abriu em poucas semanas mais de 100 pontos de venda.
Com isso, o Renegade aos poucos foi mostrando seu potencial e hoje já emplaca mais de 6 mil unidades por mês. Suas vendas, ao contrário do HR-V, são mais distribuídas. Embora o Sudeste responda por 46% do total, o Nordeste e o Sul têm boa participação.
Jeep à frente em 2016
Olhando os números até aqui, é de se imaginar que o Renegade deverá manter-se à frente este ano. A razão é que a Honda está limitada a capacidade da fábrica de Sumaré, que também produz o Fit, City e que logo começará a montar o novo Civic. Já a unidade de Goiana, onde o Renegade é feito, tem mais espaço para atender a demanda, apesar do início de produção da picape Toro nas próximas semanas.
Seja qual for o líder, o fato é que os jipinhos cada vez mais serão protagonistas nas vendas de veículos, com crise ou não.