Com crise, mercado automobilístico conhece novos líderes
Marcas como Hyundai e Honda e modelos como a Hilux estão tomando o lugar de gente tradicional
Os números de vendas de veículos em 2016 têm assustado os mais pessimistas. Há quem veja o mercado fechar o ano com dificuldades para atingir 1,8 milhão de emplacamentos, como disse recentemente o presidente da JAC Motors, Sergio Habib no lançamento do SUV T5.
Para a Anfavea, o ano deve terminar com 2,37 milhões de veículos vendidos, incluindo aí caminhões e ônibus. Mas, apesar disso, há marcas e modelos que estão em alta este ano, liderando seus segmentos em lugar de gente com mais tradição.
Nos dois primeiros meses de 2016, a Chevrolet mantém a liderança geral, à frente da Fiat, que é a 1ª colocada ininterrupta desde 2005 – no ano anterior, justamente a marca americana terminou como mais vendida do país pela primeira vez. Poderia ser um fato isolado, mas as vendas da Chevrolet parecem sólidas afinal hoje ela tem em seu portfólio dois dos carros mais emplacados no mercado, o Onix, líder geral em 2015, e o sedã Prisma. Nada garante que a Fiat não voltará a ultrapassá-la, mas com as vendas de carros mais baratos em queda essa tarefa não será fácil.
Outra marca que começou 2016 em alta é a Hyundai. Os sul-coreanos, que já haviam tirado o 5º lugar da Renault no ano passado, estão agora na 4ª posição, à frente de ninguém menos que a Ford. É um acontecimento inédito já que as quatro marcas tradicionais nunca foram ameaçadas desde a reabertura do mercado na década de 90.
Estreia em alta
Não apenas marcas estrearam bem neste ano. Alguns modelos também mostraram que a crise pesou menos para eles. É o caso da picape Hilux. Novidade lançada no final de 2015, a Toyota assumiu a 1ª posição no segmento de médias, à frente da S10, que liderava há vários anos. Não é à toa que a Chevrolet já prepara um tapa no visual do seu modelo.
Agora nacional, em que pese a versão 1.6 abaixo da crítica, o Golf voltou a ser o hatch médio mais vendido do país. Ele já emplacou 2,1 mil carros este ano, quase o dobro do Focus, o líder até então.
O que essas mudanças revelam? O consumidor brasileiro está em constante transformação. Já não aceita um produto apenas pela sua fama no passado – basta ver o caso do Gol, que perdeu um espaço imenso para seus concorrentes -, nem se seduz por números superlativos.
Até mesmo para quem hoje comemora (ou lamenta menos), o risco de perder a liderança é grande. Basta para isso achar que seus veículos valem muito mais do que o cliente pensa.