Citroën Basalt é SUV, mas inaugura uma nova era para os sedãs
Bom conjunto mecânico, espaço generoso e estilo cupê pedem uma melhora interna
Quando era criança os carros tinham família formada, na maioria das vezes, por hatch, sedã, perua e picape. O Volkswagen Gol tinha o Voyage, a Parati e a Saveiro. O Fiat Uno tinha o Prêmio e a Elba e a Fiorino. Hoje os SUVs tomaram conta de tudo, mas as famílias não acabaram.
A “família Citroën C3” é exemplo disso. Temos o hatch C3 com seu estilo aventureiro, o SUV perua Aircross e o Basalt, que é o “SUV sedã”. Se ficou difícil de entender, então veja o formato da carroceria do modelo.
A coluna C inclinada, assim como o vidro traseiro e o pequeno terceiro volume ocupa espaço de uma categoria que está acabando com um estilo que está na moda e que você, goste ou não, vai ter que aceitar, pois outras marcas vão seguir por este caminho. Mas será que isso é bom?
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Finalmente fui conhecer o novo Basalt e o primeiro contato é promissor. O SUV cupê vem de boa linhagem. Sim, eu acho o C3 e o Aircross carros bonitos —e o Basalt é o mais bem acertado de todos. Gostei da traseira inclinada e alta. Achei que a proporção do volume traseiro foi mais feliz no Citroën do que em outro SUV cupê da Stellantis, o Fiat Fastback.
As lanternas pequenas que avançam pelas laterais e interligadas por um vinco na tampa do porta-malas me ganharam logo de cara. Visualmente só me incomodaram os dois calombos no teto que estão lá para dar espaço para as dobradiças da quinta porta. O belo tom de azul e as rodas de 16 polegadas completam o visual.
Por favor, melhore
Abri a porta do Basalt e o encanto foi murchando. O interior, o mesmo do resto da família, podia ter melhorado com o nascimento do novo integrante, mas o fruto não cai muito longe do pé. Afora este festival de clichês, o SUV tem os mesmos plásticos moles dos irmãos. A capa texturizada em uma cor meio cobre que corta todo o painel é até bonita até encostar nela.
“Mas ninguém fica acariciando painel”, pode dizer alguém - e está correto -, mas isso tira um pouco a percepção de qualidade. Outros pontos incomodam em um carro deste preço. São detalhes que se a Citroën melhorasse tiraria a cara de carro barato em que tudo foi cortado para diminuir os custos de produção.
No teto, não há luz de leitura. Apenas um plafon de uma lâmpada se acende com as portas abertas ou clicando no botão. Meu carro 2009 custo muito menos e tem três lâmpadas na frente e duas atrás. Ajustar o para-sol é missão impossível. Ou ele fica na vertical ou colado ao vidro. Mostro isso no vídeo que você pode ver no nosso canal do YouTube. Falando ainda no para-sol, o espelho é minúsculo, não tem tampa e nem iluminação.
Quem vai atrás pode se espreguiçar, pois tem bastante espaço. O entre-eixos do Basalt é de 2,64 metros. Mas se quiser abrir as janelas, vai ter que se esticar para alcançar as teclas colocadas entre os bancos dianteiros, que é para o motorista alcançá-las também, pois são as únicas que comandam os vidros das portas de trás.
Saídas de ar, esquece. Tudo bem que na categoria poucos carros a tem, mas vamos lembrar que o próprio Basalt oferece esses mimos, mas só na Índia. Para o Brasil, ainda não. Quem sabe um dia.
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Mas vamos para o lado sedã do Basalt. Além de espaçoso para os passageiros, o porta-malas de 490 litros está na média dos concorrentes de três volumes, como Fiat Cronos, Volkswagen Virtus e Chevrolet Onix Plus, mas a sua carroceria cupê apresenta uma vantagem.
A tampa do bagageiro se abre com vidro e tudo, deixando uma abertura enorme. Se quiser levar uma mala grande, por exemplo, vai ser bem fácil enquanto ela talvez nem entre nos concorrentes.
(Quase) tudo bem ao volante
E como o Citroën Basalt anda? Bom, a parte mecânica é, ao lado do visual, o melhor do SUV cupê. O motor é o já arroz de festa 1.0 turbo de três cilindros com 130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque. Ele é acoplado à sua fiel companheira caixa CVT de sete marchas simuladas.
E isso é pra lá de bom. Além da robustez desta mecânica e da facilidade de manutenção por ela estar em diversos carros da Citroên, da Fiat e da Peugeot, entrega um bom desempenho e consumo. A suspensão é outro acerto que vale para toda a família C3 com seu ajuste confortável sem ser molenga.
Incomodou apenas o isolamento acústico, o que não é culpa da mecânica em si, mas ela está envolvida. O suspiro da turbina é ouvido de dentro do carro, mas pior mesmo é quando a ventoinha entra em ação. Na primeira vez cheguei a me assustar achando que fosse algum problema no carro. É realmente muito alto.
Veredicto
Se eu fosse escolher alguém da família, seria o Basalt. Gostei do visual, da experiência ao volante e o espaço é o necessário para o que preciso. Mas confesso que o acabamento interno e a falta de isolamento acústico me tiram o brilho de gastar a partir de R$ 89.990 (valor promocional).
E nesse valor estamos falando da versão básica. Essa das fotos, a Shine, custa R$ 104.990 na promoção ou R$ 115.890 na tabela. Só nela tem as rodas de 16 polegadas, bancos de couro e ar-condicionado digital automático, que amenizam os conflitos familiares.
Talvez por esse preço reduzido seja uma boa pedida levando em conta que se trata de um carro de baixo custo, mas no preço cheio, olhar os sedãs de outras famílias ou no mercado de seminovos pode ser uma saída melhor.