Cinco décadas e oito gerações: a trajetória de sucesso da Toyota Hilux
Avaliamos a picape em sua versão SRX turbodiesel; confira mais detalhes
Talvez pela primazia em inaugurar o segmento no Brasil, talvez pela boa reputação que sua rede de concessionárias conquistou ao longo dos anos por aqui, fato é que a Toyota Hilux, bem como seu SUV derivado SW4, são modelos que conquistaram um sucesso tão grande aqui no Brasil que muitas marcas gostariam que seus modelos compartilhassem de tamanho sucesso em terras brasileiras.
Globalmente, a Toyota Hilux alcançou em 2018 o marco de 50 anos de história distribuídas ao longo de oito gerações. Aqui no Brasil, beneficiada pela abertura do mercado às importações, a picape chegou ao mercado em outubro de 1992, quando já estava em sua quinta geração.
Com sua proposta robusta e motorização diesel, a picape era excelente solução para quem precisava de mais espaço para carga e robustez em relação às picapes compactas, mas desejava um carro mais prático em relação às picapes grandes da época como a Chevrolet D20, por exemplo.
E assim a Toyota Hilux foi conquistando seu espaço, passou a ser produzida na Argentina desde 1997 e, desde então, tornou-se uma referência no segmento de picapes médias, ocupando a liderança em vendas do mesmo.
Mas o que a Hilux nos diz atualmente? Ela é melhor que suas concorrentes? O Autoo avaliou a picape há alguns meses em sua versão SRX turbodiesel ainda com o pacote 50th Anniversary, que, na época de seu lançamento, custava R$ 196.990. Hoje a Hilux SRX com o mesmo motor é tabelada em R$ 201.390, sendo que acima dela está a opção de apelo mais esportivo GR-S de R$ 210.390 e mantendo o mesmo motor 2.8 turbodiesel.
Quem reclama do preço da Hilux, certamente o faz com razão. Por R$ 195.990 você encontra no mercado a Volkswagen Amarok com motor 3.0 V6 turbodiesel entregando poderosos 225 cv ou, para quem valoriza equipamentos e tecnologia, encontra na Ford Ranger 2020 em sua configuração Limited (R$ 188.990) recursos avançados como o piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa, alerta de colisão com frenagem autônoma, entre outros. Todos esses recursos passam longe da lista de itens de série mesmo da Hilux mais cara.
Entre os únicos diferenciais que você vai encontrar na Hilux SRX atual encontram-se os faróis baixos de LED, rodas de liga leve aro 18” e uma central multimídia de 7” bem completa no leque de funções (navegador integrado, reprodução de DVD e TV digital, entre outros), mas que peca por não contar com sistemas de espelhamento para smartphones, algo muito deseja hoje em dia, bem como sua operação fica devendo respostas mais rápidas, algo que deverá ser corrigido na linha 2020.
Em termos de espaço interno ou capacidade de carga, a Hilux atual não fica devendo em nada para suas concorrentes diretas, mas bem que poderia ter um rodar mais suave. Sem nada na caçamba e apenas com o motorista, a Hilux “pula” demais, comportamento que não notamos em modelos como a Amarok e a Ranger de uma forma tão intensa quanto ocorre na representante da Toyota.
O motor 2.8 turbodiesel confere à Hilux desempenho suficiente, sendo que mesmo carregada a picape lida bem com cargas mais pesadas na caçamba. A direção não é rápida, algo esperado para um modelo com o tamanho da Hilux, sendo que ela apenas exige a atenção extra que você precisa ter ao volante ao conduzir um modelo desse porte. No interior, a Hilux agrada por sua cabine bem montada, mas, assim como notamos no Corolla atual, ela já pede por uma atualização mais profunda no painel e console central.
Mas o que muitos proprietários valorizam em suas Hilux vai um pouco além de uma análise meramente dos aspectos mecânicos e técnicos da picape em si. Além da própria robustez do modelo, muitos deles creditam o sucesso do modelo aos custos de manutenção competitivos e ao próprio atendimento que recebem nas concessionárias, ponto que ajuda a fidelizar clientes. Sob esse aspecto, parece que um bom relacionamento entre clientes e rede de concessionárias, ao que tudo indica, pesa muito mais na hora da escolha de um veículo do segmento do que o tipo de motor ou nível de equipamentos. É algo que precisa ser levado em conta pelas rivais.
Uma olhada no ranking de vendas do segmento nos permite constatar que a receita da Toyota é, de fato, vitoriosa. No primeiro semestre deste ano a Hilux somou 19.796 emplacamentos, bem a frente da Chevrolet S10, em segundo lugar com 14.115 unidades vendidas no período. A Ford Ranger aparece logo atrás da dupla, com 9.741 unidades comercializadas de janeiro a junho deste ano.
Como a oitava geração da Hilux chegou ao mercado brasileiro no fim de 2015, o modelo atual da picape ainda tem uma boa sobrevida garantida considerando o ciclo de um modelo como a Hilux. Evoluções ou mudanças profundas na Hilux deverão ocorrer apenas avançando para a próxima década, sendo que nos planos está até uma opção híbrida para a picape, o que deverá favorecer o desempenho, a economia de combustível e, quem sabe até, proporcionar um sistema de tração integral mais avançado, como o que ocorre hoje no Toyota RAV4 adaptado, é claro, para a proposta de uma picape média que precisa lidar com 1 tonelada de carga.
Entender o sucesso que a Toyota Hilux conquistou no mercado brasileiro é uma análise que anda em paralelo com o “fenômeno” Corolla entre os sedans médios. A dupla não é a melhor em suas respectivas categorias no que diz respeito à modernidade de seus projetos ou lista de equipamentos, mas ambos são certeiros em atender seus consumidores em características muitas vezes subjetivas ou imunes à dados técnicos, entre elas figuram a robustez, o atendimento competente e custos de manutenção e propriedade competitivos frente aos concorrentes. Talvez enquanto outras marcas não olharem para isso, a Toyota pode seguir com uma posição muito sólida nesses dois lucrativos segmentos.
Ficha técnica
Toyota Hilux 2019 SRX cabine dupla 2.8 16V diesel automático 4x4 4p | |
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Categoria | Picape média |
Vendas acumuladas neste ano | 32.395 unidades |
Motor | 4 cilindros, 2775 cm³ |
Potência | 177 cv a 3400 rpm (diesel) |
Torque | 45,9 kgfm a 1600 rpm |
Dimensões | Comprimento 5,33 m, largura 1,855 m, altura 1,815 m, entreeixos 3,085 m |
Peso em ordem de marcha | 2090 kg |
Tanque de combustível | 80 litros |
Caçamba | 1000 litros |