Chevrolet Cruze ganha bons argumentos para incomodar Toyota Corolla e Honda Civic
Com um nível de equipamentos ímpar na categoria, versão topo de linha do Cruze é uma ótima escolha no segmento
Que o automóvel é um bem sobrevalorizado no Brasil todo mundo sabe. Dependendo do modelo, chegamos a pagar mais do que o dobro do que um norte-americano ou um europeu precisa gastar para levar o mesmo carro para casa. É nesse contexto que modelos como a nova geração do Chevrolet Cruze, em especial na sua versão mais equipada, nos ajudam a ter uma noção mais exata de como o preço é um item primordial na escolha de um veículo. O AUTOO teve a oportunidade de avaliar o recém-lançado sedã médio em sua configuração mais cara, no caso a versão LTZ equipada com o pacote R7F, que resulta em um preço sugerido de R$ 107.450.
Antes de falarmos dos atributos técnicos e mecânicos da segunda geração do Cruze, vale a pena a gente começar nossa análise pelo mercado, custo-benefício e o que encontramos de opções pelo mesmo valor. Começando pelo líder em vendas da categoria, o Toyota Corolla, teríamos como opção análoga ao Cruze LTZ mais equipado a versão Altis. Por praticamente o mesmo valor, no caso R$ 106.080, os únicos luxos que encontramos para justificar tamanho investimento no Corolla são os faróis com iluminação por LED, os 7 airbags, o sistema de chave presencial com partida por botão e uma completa central multimídia, com TV digital, GPS, câmera de ré, dentre outras funcionalidades. Mas e o controle de estabilidade? Esqueça. E o controle de tração? Menos ainda. Assistentes de condução? Aqui não.
Quando falamos no Cruze de R$ 107.000, estamos falando de um carro que traz de fábrica, apenas para citar alguns recursos, o assistente de estacionamento. Ele controla o volante e ajuda você a realizar manobras paralelas ou perpendiculares, como as de shopping, por exemplo. Também encontramos o alerta de colisão frontal, farol alto adaptativo, assistente de permanência em faixa, banco do motorista com ajustes elétricos e até um carregador sem fio para celulares compatíveis com a tecnologia. Claro que não justifica pagarmos tanto por ele, mas o Cruze LTZ topo de linha nos dá muito mais a sensação de estarmos a bordo de um carro de R$ 100.000 do que o Corolla Altis. Mas e em relação ao Honda Civic 10?
Por R$ 105.900 você consegue retirar da concessionária o Honda na versão EXL, que ainda conta com o 2.0 16V aspirado sob o capô. Sem dúvida ele é um motor que ainda tem muitas qualidades, porém sem o brilho da eficiência do 1.5 com turbo e injeção direta que estreou por aqui junto com a décima geração do Civic. Até por ser um projeto bem mais recente do que o Corolla atual, o Civic 10 não derrapa na falta de equipamentos e traz por esse valor os controles de tração e estabilidade, 6 airbags e central multimídia compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto. O grande problema é que, assim como visto no Corolla, o Civic EXL também não se equipara ao Cruze na quantidade e de recursos de conforto e assistência. Logo, não é difícil entender porque o Chevrolet já está ganhando fôlego no ranking de vendas e atualmente ocupa a terceira posição.
Sintonizado com a atual demanda por carros mais eficientes, o conjunto mecânico do Cruze é exemplar. Seu motor 1.4 conta com turbo e injeção direta para entregar 153 cv e 24,5 kgfm de torque com etanol. Em termos de potência é praticamente o mesmo que os propulsores 2.0 16V de Civic e Corolla entrega, só que o torque do 1.4 Ecotec do Cruze é bem mais superior. O Corolla Altis, por exemplo, conta com 20,7 kgfm, enquanto o Civic EXL estaciona nos 19,5 kgfm. O torque é importante pois representa a força gerada pelo motor, e, quanto mais força disponível, mais vigor o carro possui nas acelerações e retomadas.
Em termos de comportamento, o Cruze lembra muito mais a escola do Corolla do que o Civic 10. É inegável que o rodar do Honda é superior mesmo na versão EXL, que não traz recursos como as buchas hidráulicas para a suspensão oferecidas no Civic turbo. Além disso, quando você sai do Civic e vai dirigir o Cruze, logo de cara já é possível notar como a suspensão traseira independente (multibraço) do Honda faz diferença tanto para as respostas dinâmicas como para o conforto. Mesmo assim, o Cruze não desaponta e se vira muito bem com o eixo de torção unindo as rodas traseiras.
O câmbio automático de 6 marchas trabalha bem com o motor Ecotec e realiza trocas rápidas. Seu escalonamento é nitidamente calibrado para buscar maior economia de combustível do que desempenho, mas mesmo assim o Cruze está longe de ser um carro com respostas apagadas. Quando você solicita com vontade o acelerador, dificilmente nota qualquer hesitação do motor, que atende prontamente devolvendo uma aceleração superior à dos rivais 2.0.
R$ 107.450 Sedã médio Toyota Corolla, Honda Civic, VW Jetta 11.513 unidades 1.4 16V, flex, turbo, injeção direta 153 cv (E) a 5.200 rpm / 150 cv (G) a 5.600 rpm 24,5 kgfm (E) a 2.000 rpm/ 24 kgfm (G) a 2.100 rpm Automática, 6 marchas 4,66 m de comprimento, 1,80 m de largura, 1,48 m de altura e 2,70 m de entre-eixos 1.321 kg 440 litrosChevrolet Cruze LTZ (com pacote R7F)
Resumo
Preço
Mecânica
Motor
Dimensões
Medidas
Um dos raros modelos da categoria a contar com sistema start-stop, que desliga o motor quando o carro encontra-se parado, o Cruze entrega bons números de consumo, registrando parciais de 7,6 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada com etanol. Com gasolina os valores sobem para 11,2 e 14 km/l, respectivamente.
Com um ganho de 15 mm no entre-eixos e 62 mm no comprimento, o espaço interno do Cruze melhorou bem, em especial para os passageiros no banco traseiro, que estão longe de passar qualquer aperto. O porta-malas de 440 litros só peca no acabamento um pouco descuidado, com algumas partes da forração deixando partes da carroceria a mostra pelo menos na unidade avaliada, porém o espaço está adequado com a média do segmento.
Na cabine, a Chevrolet apostou em tons mais claros para a versão topo de linha do Cruze, porém não quis sair muito do tradicional e optou por manter um cinza mais tradicional como a tonalidade básica. Pelo menos há revestimento de couro nos bancos, volante, perfis de porta e painel, como é esperado em um modelo desta categoria. Ainda no interior, vale a pena destacar a presença do sistema OnStar, recurso que nenhum outro modelo do segmento oferece e pode ser muito prático em algumas situações. A central multimídia
Com um conjunto mecânico moderno e eficiente e destacando-se pelo alto nível de tecnologia embarcada sem exagerar no preço, o Chevrolet Cruze pode ser apontado como a melhor compra – e, sem dúvida nenhuma – a mais racional da categoria. Ele atende tudo o que se espera de um carro na faixa de R$ 100.000 e ainda oferece muito mais que os rivais em itens de assistência a condução, comodidade e conforto. Ele pode não ter a reputação que Honda Civic e Toyota Corolla conquistaram no segmento, mas vale a pena você considerá-lo em sua próxima compra.