Carros produzidos na Rússia perdem ABS, airbags e ESP por conta de sanções
Indústria local precisará adaptar produtos para a retomada da produção
Com o mundo pressionando a Rússia por um fim na guerra contra a Ucrânia por meio de diversas sanções econômicas, os reflexos na indústria automotiva do país euro-asiático começam a se tornar cada vez mais intensos, em especial considerando o alto nível de globalização das indústrias de transformação modernas.
Um relato significativo foi publicado neste fim de semana pelo site russo Kolesa, o qual aborda como as empresas automotivas locais estão tendo que lidar com as sanções impostas pelo ocidente.
O site cita o caso da AvtoVAZ, montadora responsável pelos produtos da marca Lada e atualmente é controlada pelo Grupo Renault, que possui 67,6% das ações da companhia.
Segundo relato do Kolesa, a AvtoVAZ começou a efetuar um “trabalho ativo para substituir componentes críticos importados por soluções alternativas”.
A empresa, contudo, já considera colocar no mercado russo versões especiais de alguns modelos da Lada sem sistemas importantes de segurança, como ABS, controle de estabilidade (ESP) e até mesmo airbags.
Grande parte desses itens, por exemplo, são fornecidos em escala global pela alemã Bosch, a qual não deverá ofertar seus produtos no mercado russo enquanto perdurar o conflito.
Vale destacar que o ABS é obrigatório no mercado russo desde 2016, com o ESP seguindo pelo mesmo caminho no ano seguinte. Logo, é provável que a administração do país aprove uma mudança na legislação para permitir a comercialização desses automóveis simplificados.
Um forte abalo do ponto de vista econômico é que esses veículos não poderão ser exportados, uma vez que a maioria dos países também tornou obrigatória a presença de ESP, ABS e airbags nos carros em nome da segurança muito maior que esses recursos proporcionam.
Considerando que diversos mercados já contavam com a produção abalada por conta da pandemia e a quebra da cadeia logística mundial, a Rússia tornou-se ainda mais fragilizada após o início da guerra e o consequente fim do fornecimento de peças e componentes importados.
Muitas fabricantes locais, como a AvtoVAZ, colocaram grande parte dos seus funcionários em férias coletivas, preservando apenas seus times de manutenção dos parques fabris e de engenharia e desenvolvimento seguindo com seus trabalhos de maneira contínua.
A previsão é que as linhas de montagem voltem a funcionar por volta do fim deste mês, quando as medidas de substituição ou retirada de componentes importados dos carros estejam preparadas.