Carro por assinatura: vale a pena contratar o serviço?

Colocamos no papel os custos para saber se modalidade vale a pena
Venda de carros

Venda de carros | Imagem: Divulgação

Com a força de novas tendências como a economia compartilhada e as pessoas repensando cada vez mais a necessidade de “ter” ou “ser dono” de alguma coisa, muitos serviços inovadores surgiram nos últimos anos para quebrar alguns paradigmas. Assim foi com a Uber no universo do transporte urbano, com a Netflix no consumo de entretenimento sob demanda, entre tantos outros.

Aqui no Brasil, ganha cada vez mais força o conceito do “carro por assinatura”, serviço em sua maioria oferecido por locadoras de automóveis estabelecidas há um bom tempo no mercado. Se você está pensando em adquirir um carro novo, certamente já se viu impactado por um anúncio do tipo enquanto navega na internet. Mas será que esse sistema vale a pena?

Para tirar essa dúvida, realizamos algumas pesquisas e coletamos vários dados para colocarmos todos esses custos no papel.

Resolvermos usar em nossa análise um Hyundai HB20 1.6 automático, que é oferecido tanto pelo Porto Seguro Carro Fácil como pelo Movida Mensal Flex, como chamam os serviços de assinatura oferecidos pelas respectivas empresas. A Unidas e a Localiza também contam com modalidades semelhantes.

No caso do Porto Seguro Carro Fácil, o valor pago para estacionar na garagem de casa um HB20 automático 0 km fica em R$ 1.740 ao mês, quantia que lhe dá direito ao seguro, impostos, documentação e a manutenção do carro pelo período contrato, no caso aqui de um ano. Na Movida, o mesmo modelo e com as mesmas comodidades resulta em um custo mensal médio de R$ 1.625, portanto nos dois casos temos valores bem semelhantes para o mesmo modelo.

E se eu comprar?

Agora é necessário começarmos nossa análise de custos com atenção. Se consideramos o plano contratado no Porto Seguro Carro Fácil, estamos falando de um gasto anual de R$ 20.880.

O grande apelo do serviço de assinatura e que é amplamente difundido pelas locadoras, é o fato de proporcionar aos interessados a possibilidade de pagar pelo “uso do carro”, dessa forma não onerando o interessado com os custos de financiamento ou tendo que gastar um dinheiro que poderia ser aplicado rendendo juros.

Considerando que um Hyundai HB20 1.6 automático está nas concessionárias por R$ 59.990, ao comprá-lo hoje estamos falando de um gasto com IPVA (no Estado de São Paulo) de R$ 2.399,60. Podemos somar também mais R$ 132,84 do emplacamento, R$ 12 do DPVAT e, em média, mais R$ 2.300 de seguro. Caso você não queira se envolver com a burocracia podemos colocar nessa conta mais R$ 800, em média, de gasto com um despachante. Falamos, então, de R$ 5.644 para você retirar o carro da concessionária e pagar os tributos do primeiro ano. Podemos colocar mais R$ 243,05 da revisão dos 10.000 km ou 1 ano pedida pela Hyundai em sua rede.

Temos, portanto, um gasto de R$ 5.887. Somando esse valor ao preço do carro, você precisa de R$ 65.887 só para colocar o HB20 na rua.

Mas a conta não para por aí, já que para ter uma ideia do impacto financeiro que a compra de um carro representa é necessário acrescentarmos a desvalorização projetada do modelo ao longo de um ano, o que gira em torno de 16% para o HB20 automático, portanto cerca de R$ 9.600.

Com isso, o comprador de um HB20 automático teria que arcar com um custo total de R$ 15.487 (R$ 5.887 + R$ 9.600) em 12 meses. Após colocar tudo isso na balança, o eventual dono de um HB20 recém-adquirido ficaria com um “saldo” de R$ 50.400 depois de um ano de uso.

Investindo o valor

A equipe do Autoo também confrontou* o valor gasto na compra de um carro novo caso o consumidor opte por deixá-lo rendendo em um investimento e vá descontando desse total o valor gasto com o serviço de assinatura.

Considerando um valor fixo de R$ 1.650 para a assinatura, ao longo de um ano o cliente teria gasto R$ 19.800.

Descontando as parcelas do total de R$ 65.887 e somando o rendimento que a pessoa teria em um fundo DI, por exemplo, o “saldo” resultante para o cliente do serviço de assinatura seria de R$ 48.604, portanto ele resulta em uma despesa maior em relação à compra efetiva do carro.

O grande diferencial dos serviços de assinatura – e esse sim deve ser o principal argumento junto ao público – reside na comodidade. Geralmente as empresas se encarregam de levar o carro até o local da manutenção e o devolvem onde você desejar, por exemplo.

Para quem não tem muita paciência para pesquisar o menor preço, você não terá que visitar várias concessionárias antes de fechar negócio, o lhe também vai lhe render bastante tempo. Outro ponto é que, ao contrário de quem possui um carro próprio, na hora de revender o veículo você não terá o trabalho de anunciar e negociar seu veículo por conta própria, uma situação que muita gente procura evitar.

Logo, na hora de optar entre a assinatura e compra do carro, você vai precisar ponderar vários aspectos. Do ponto de vista financeiro, a assinatura precisaria de valores mais competitivos para se mostrar efetivamente vantajosa. Já pensando na comodidade e praticidade, esse custo extra do novo serviço pode valer a pena para muita gente. 

*colaborou Ricardo Meier

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César Tizo

O "Guru dos Carros", César Tizo se juntou ao time este ano e está à frente dos portais AUTOO e MOTOO. É o expert em aconselhar a compra de automóveis