Carro brasileiro equivale em segurança a modelos europeus de 1990

Para instituto Latin NCAP, modelos populares como Celta, Uno e Ka têm carroceria muito frágil

Chevrolet Celta passa por crash-teste | Imagem: Latin NCAP

Ainda em projeto piloto, o Latin NCAP divulgou nesta quinta-feira (24/11) a lista e os resultados dos carros testados na segunda bateria de crash-test promovidos pelo órgão independente.

Esse teste tem como principal foco medir a segurança dos veículos fabricados e vendidos na América Latina e Caribe, onde o índice per capita de acidentes fatais no trânsito é o maior do mundo. Ao contrário do Euro NCAP, que realiza teste de impacto frontal, lateral e traseiro, aqui os carros são submetidos apenas a uma colisão frontal a 64 km/h contra uma barreira deformável, para simular um impacto contra outro automóvel.

Entre os carros testados estavam o Chevrolet Celta e Corsa Classic, Fiat Uno, Ford Ka e Nissan Tiida hatch com um airbag. Além desses, as marcas  americanas cederam unidades do Cruze Sedan e Focus hatch e a japonesa cedeu uma unidade do Tiida e do March, ambos com airbag duplo.

Como era de se esperar, o resultado foi decepcionante, principalmente para os modelos nacionais. O crash-test denunciou que os compactos brasileiros, além do pequeno hatch mexicano, apresentam uma estrutura muito frágil que, no caso de colisões nessa velocidade, podem causar lesões graves e até a morte dos ocupantes, provando que apenas airbag de série não resolve.

No caso dos médios Focus, Cruze e Tiida, o resultado foi um pouco melhor. O hatch da Nissan com apenas um airbag (o do motorista) conseguiu três estrelas para adultos e uma para crianças, já com dois airbags o resultado para adultos subiu para quatro estrelas. Os modelos da Ford e da Chevrolet conseguiram quatro estrelas para adultos e três para crianças, mas há uma ressalva a fazer. Na época do teste, o Cruze não havia sido lançado no Brasil e o modelo testado pela entidade foi fabricado na Coréia do Sul, o que, de certa forma, deixou no ar a curiosidade em saber como o sedã se sairia na avaliação (veja resultado abaixo).

Outro ponto fundamental é a utilização das cadeirinhas e de assentos elevados para bebês e crianças. Os testes feitos demonstraram que o uso desses sistemas é de extrema importância para que as vidas de crianças sejam salvas em acidentes veiculares.

“Os últimos resultados da Latin NCAP mostram que os níveis de segurança usados nos carros mais populares da América do Sul ainda estão vinte anos atrasados em relação aos veículos utilizados na Europa e América do Norte”, diz Max Mosley, presidente da Global NCAP.

A entidade recomenda que os países da América Latina passem a utilizar os padrões de segurança recomendados pela ONU (Organização das Nações Unidas) e que já são adotadas nos países europeus, onde todos os veículos, desde os mais baratos, tem que contar com itens básicos de segurança, como airbag para motorista, passageiro e de cortina lateral, além de ABS com EBD.

Legislação desatualizada

Os resultados de 2011 repetiram o que foi visto em 2010, na primeira edição do crash-test. E, assim como há um ano, as montadoras justificaram as notas baixas dizendo que seus modelos "obedecem aos padrões de seguranças exigidos pela legislação brasileira". De fato, o governo ainda está atrasado em relação a outros mercados mais desenvolvidos. O custo é uma das barreiras para aumentar o nível de segurança, que deixaria nossos carros ainda mais caros. Um dos poucos avanços vistos nos últimos tempos é a obrigatoriedade dos airbags frontais e freios ABS, que entrará em vigor em 2014.

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