BYD e GWM serão alvo de processo por suspeita de preços irreais praticados no Brasil

Montadoras instaladas há mais tempo no país vão alegar que rivais chinesas praticam dumping, vendendo carros elétricos abaixo do custo. BYD nega e afirmou focar em produtos de qualidade e sustentáveis
BYD Dolphin Mini 2024

BYD Dolphin Mini 2024 | Imagem: Divulgação

A expansão nas vendas de veículos pelas marcas chinesas, sobretudo BYD e GWM, motivou as montadoras mais tradicionais no Brasil a abrir um processo para investigar a prática de dumping, quando os produtos são vendidos abaixo do custo ou recebem subsídios governamentais ilegais.

A ação será enviada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços pela Anfavea, entidade que reúne os fabricantes estrangeiros instalados no país, segundo o jornal O Estado de São Paulo.

O alvo das reclamações é abrangente, mas visa averiguar sobretudo veículos elétricos, segmento dominado pelas marcas chinesas.

Receba notícias quentes sobre carros em seu WhatsApp! Clique no link e siga o Canal do AUTOO.

Segundo relatos, a volta da alíquota do Imposto de Importação para modelos eletrificados em janeiro de 2024 teria motivado essas empresas a realizar importações em grande escala para formar estoques antes da alta.

GWM Ora 03 Skin Special Edition
GWM Ora 03 Skin Special Edition Imagem: Divulgação

O imposto voltou a ser cobrado desde janeiro do ano passado e está atualmente com a alíquota de 18%. Em julho de 2026, no entanto, chegará ao valor máximo de 35%.

A Anfavea não comentou sobre o processo, mas já vem solicitando ao governo que antecipe a volta da alíquota sob pena de prejudicar ainda mais a indústria automobilística instalada no Brasil.

Enxurrada de elétricos e híbridos

Em 2024, a GWM e, sobretudo, a BYD viram suas vendas saltarem no país, graças às importações de elétricos e híbridos.

A GWM, que vende atualmente o SUV híbrido H6 e o elétrico Ora, terminou o ano com mais de 29 mil emplacamentos e a 16ª colocação no ranking.

BYD Song Plus Premium 2025
BYD Song Plus Premium 2025 Imagem: Divulgação

Já a BYD foi além: o grupo chinês, que atua em outros segmentos como caminhões, ônibus e trens, vendeu quase 77 mil veículos no Brasil, suficiente para colocá-la entre as 10 mais emplacadas.

Seus principais modelos vendidos aqui custam mais do que na China. O subcompacto elétrico Dolphin Mini, que tem preço de R$ 119 mil no Brasil, sai pelo equivalente a R$ 70.500 em seu mercado original.

Já o Dolphin é quase 100% mais caro no Brasil enquanto o híbrido Song Plus DM-i tem preço 169% acima de um modelo equivalente chinês.

Ambas montadoras estão em meio aos procedimentos para iniciar produção em fábricas no país. A GWM adquiriu a unidade de Iracemápolis (SP), construída pela Mercedes-Benz, enquanto a BYD constrói um novo complexo industrial em Camaçari, na Bahia, onde antes funcionou a fábrica da Ford.

A assessoria de imprensa da BYD entrou em contato com a redação em que negou qualquer prática de dumping. A empresa disse ainda que está focada na oferta de veículos de qualidade e que sejam sustentáveis. Veja abaixo a íntegra da nota:

"A BYD do Brasil reafirma seu compromisso com a ética e a transparência em suas práticas comerciais. Negamos categoricamente qualquer prática de dumping na venda de nossos veículos no Brasil. Nosso foco está em oferecer produtos de qualidade e sustentáveis, alinhados às normas de mercado e legislações vigentes. Estamos construindo em Camaçari, na Bahia, o maior complexo industrial da companhia fora da China. A BYD é agora uma empresa brasileira, voltada a trazer inovação e produtos de alta qualidade para os consumidores. Estamos comprometidos com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira que, por décadas, foi deixado em segundo plano pelas montadoras tradicionais que tentam de todas as formas utilizar artimanhas para esconder a falta de competitividade."

Ricardo Meier

Comenta o mercado de vendas de automóveis e tendências sustentáveis