BYD e GWM são como 'superesportivos' para importar e 'Fusca velho' para fabricar aqui
Chinesas andam em ritmo devagar quase parando quando o tema é produção local
Um superesportivo que alcança 100 km/h antes de você terminar de dizer “paralelepípedo” e um Fusca velho com falha em um cilindro que chega no máximo a 60 km/h – isso na descida e com vento a favor. Essa comparação representa exatamente a diferença de tratamento entre importar e produzir localmente dadas por BYD e GWM no Brasil.
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Chega-se a essa conclusão meramente ao observar-se os fatos – e nem é preciso aprofundar-se tanto assim no tema. Pegando inicialmente a GWM, a marca já ultrapassou volume de 24 mil unidades vendidas (100% importadas) no país, somando 2023 e 2024, até junho. A própria empresa diz que espera vender 31 mil unidades só neste ano, volume que justifica com tranquilidade fabricação nacional. Tomemos referências: a Caoa Chery, que produz no Brasil, vendeu esse mesmo tanto em 2023. A Mitsubishi e a BMW, que também fabricam aqui, venderam cerca de metade disso em todo o ano passado.
A GWM comprou uma fábrica de automóveis inteira, prontinha e seminova, da Mercedes-Benz, em Iracemápolis (SP), em agosto de 2021. Sim, há três anos. Sabe quantos carros saíram de lá desde então? Nenhum. Sabe quanto tempo a própria Mercedes-Benz levou para construir, do zero, essa fábrica? Um ano e meio. Ou seja: prazo não pode ser usado como desculpa. Dinheiro, então? Muito menos. A GWM anunciou em 2022 investimentos de R$ 4 bilhões no Brasil até 2025. Gastaram quanto disso até agora?
GMW anunciou investimento de R$ 4 bilhões até 2025
Inicialmente a GWM disse que seu modelo Made in Brazil chegaria no primeiro semestre de 2023. Em abril de 2023 disse que começaria a produzir aqui em 1º. de maio de 2024, sem falta. Agora já fala em primeiro semestre de 2025 – ou seja, em até praticamente mais um ano a contar de agora.
BYD já poderia ter começado há tempos
O caso da BYD é semelhante, mas a marca já vendeu muito mais: ultrapassou 50 mil unidades importadas e vendidas somando 2023 e a primeira metade de 2024. Só neste ano comercializou mais do que Peugeot e Citroën juntas, que fabricam aqui, e já está nos calcanhares da Honda, que também produz no Brasil.
Em julho de 2023 a BYD anunciou que construiria uma fábrica de automóveis em Camaçari (BA), com investimento total de R$ 3 bilhões. A previsão era iniciar a produção no segundo semestre de 2024. Em outubro de 2023 a montadora promoveu uma curiosa “inauguração da futura unidade” (?), e passou a falar em fabricar “entre o fim de 2024 e o início de 2025”.
Em janeiro de 2024, ao emprestar um Tan para o presidente Lula, a BYD informou que as obras da fábrica teriam início “nas próximas semanas” – ou seja, seis meses depois do anúncio, nada tinha acontecido. E no mês passado a empresa já disse que a produção nacional deve começar em “meados de 2025” (ou seja, lá para metade do ano).
Ocorre, ainda, que a BYD produz ônibus elétricos em Campinas (SP) desde 2015. E sabe onde são fabricadas as baterias destes ônibus elétricos nacionais? Em Manaus (AM), em fábrica própria da BYD inaugurada em 2020. Ou seja: se tivesse alguma pressa em produzir carros elétricos localmente, a BYD teria inclusive plenas condições de fazê-lo muito antes, mesmo que o processo fosse inicialmente em CKD ou SKD (apenas montagem, com itens importados).
Só que, em vez disso, a própria BYD revelou em maio, de forma surpreendentemente orgulhosa, que importou de uma vez só mais de 5 mil carros da China, em navio próprio atracado no Porto de Suape (PE). Dá para entender? Não dá. A única explicação é que o projeto importar das duas chinesas anda em velocidade de um carro de competição. Já o projeto de produzir localmente... bem, veja: prá que a pressa?
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