Branco vira cor da moda no país
Pintura vem fazendo sucesso desde os segmento de entrada ao ramo premium. O estilo também encerra os estigmas sobre a cor no Brasil
O branco, a cor da pureza e das tendências contemporâneas, é também o tom da moda no mundo dos automóveis. Antes raros, os modelos com a pintura diferenciada começam a aparecer pelas ruas brasileiras de uma forma como nunca se viu antes. Segundo cálculos da consultoria Jato Dynamics, o volume de veículos com a coloração chegou a 7% em 2010 e o número deve avançar ainda mais neste ano, dando outro aspecto a imensidão de preto e prata, os tons mais pedidos pelo consumidor.
Até pouco tempo, carro branco (especialmente em São Paulo) era sinônimo de táxi ou de veículos de frota para empresas, usados somente para o trabalho. Hoje a história é outra. Os táxis paulistas, para se diferenciarem do segmento em ascensão, receberão faixas azuis nas laterais e a cor ganhou acabamento mais requintado em opções perolizadas, a tinta que possui um verniz extra com pigmento especial feito com cristais de quartzo, e que dá a lataria o acabamento reluzente.
Infográfico - As cores dos carros pelo mundo
“Chegamos a um ponto em que a pintura branca se tornou um diferencial de compra no segmento premium”, afirma Leandro Radomile, diretor de vendas e marketing da Audi no Brasil. “O aumento de pedidos de carros nessa cor é realmente expressivo. Em 2008 representava 6% em nossa vendas. Hoje a cada quatro carros da Audi vendidos um é branco”, exemplifica o executivo.
Outra marca de luxo que vem se destacando pela pintura no Brasil é a BMW. De todos os carros da fabricante alemã emplacados em 2010, cerca de 29% deles eram brancos - a empresa vendeu mais de 8.500 veículos no ano passado. O volume fora do comum até inspirou a marca a apresentar toda sua linha no Salão de São Paulo em 2010 com pintura branca. Fez sucesso.
O número da Land Rover é ainda mais expressivo: dos 5.200 carros que vendeu por aqui em 2010, 36% deles eram brancos. Mercedes-Benz e Porsche seguem a mesma toada. Mas a moda não vale apenas para os mais abastados.
Modelos de fabricantes estabelecidas no país também começam a surgir com a pintura da moda. A Volkswagen, por exemplo, lançou dois tons de branco para no Fox 2012 - sólido e perolizado - e vem conseguindo bons resultados, tanto em vendas como estéticos. O novo Jetta na opção branco é outro carro bastante requisitado. Até a Ford, mais tradicionalista no Brasil, também resolveu inovar na cor de seus carros. “Hoje temos demanda para carros brancos em todos os segmentos, em especial nos modelos mais luxuosos”, afirma Luciola Duarte, gerente de marketing de produto da marca do oval azul.
Segundo Luciola, Edge, Fusion e Focus são atualmente os veículos que mais recebem pedidos de pintura branca no quadro da Ford. A marca também tem as linha Fiesta e Ka com opções no tom.
Fatos sobre o carro branco
O cruel mercado dos automóveis usados nunca foi muito afável com os carros brancos. Por conta da má fama que moldaram durante anos no Brasil, como servirem de táxi ou carro de empresas, esse tipo de carro pressupõe-se ter quilometragem alta, rodados, muitas vezes, de formas não muito apropriadas. A desvalorização para esse tipo de veículo, apesar da nova aura que envolve a cor, ainda persiste, em especial para os modelos nacionais.
Mas quem pensar somente na desvalorização do veículo com o tempo vai acabar, inevitavelmente, andando de carro com pintura preta ou prata e vai passar mais calor. Isso acontece porque tons mais escuros tendem a absorver com maior intensidade o calor da luz do sol. O branco, por outro lado, a reflete, diminuindo a temperatura na cabine.
Há quem diga que os carros brancos também se envolvem menos em acidentes. A RAC Fondation, associação de pesquisas veiculares da Austrália, analisou números de acidentes em seu país ocorridos entre 1987 e 2004 e constatou que modelos com pinturas mais escuras tem até 12% mais chances de se envolver em colisões, especialmente a noite. Segundo a entidade, veículos em tons mais claros tem maior visibilidade no trânsito. Em outras palavras, são mais reparados.
Outro estudo de 2008, desta vez da Superintendência de Seguros Privados (Susep), aponta ainda que os carros brancos, justamente por se destacarem mais no trânsito prenominantemente cinza, são menos visados pelos ladrões, que “preferem” as cores mais tradicionais.
Moda sobretaxada
As montadoras com fábricas no Brasil ainda estão se acostumando com o novo gosto peculiar do brasileiro pelo branco, por isso encontrar modelos a pronta entrega na cor pode ser difícil. Na maioria dos casos é preciso encomendar, pagar e esperar, o que pode levar mais de um mês.
Os tons de branco perolizado oferecidos pelas marcas no país têm em média um sobrepreço de R$ 1.200 em relação às pinturas sólidas. A falta de carros brancos também é uma realidade para as marcas importadas. “Estamos sem nenhum Audi A4 branco em nossos showrooms. Todos que trouxemos foram vendidos rapidamente”, conta Radomile.
Agora que a moda pegou, a tendência é que novas opções de carros nesse tom cheguem ao mercado, algo que jamais aconteceria há poucos anos - outros tons, como vermelho e amarelo, também estão em alta, ajudando a colorir o mercado e as ruas.