Avaliação rápida: Peugeot 208 Griffe 2021

Andamos na versão topo de linha da nova geração do hatch
Peugeot 208 2021

Peugeot 208 2021 | Imagem: Divulgação

A Peugeot está dedicando uma atenção especial para a estreia do novo 208 no Brasil e não é sem razão. Fruto de um projeto desafiador, que envolveu não só a adaptação do modelo francês para nossa região, mas também toda a adaptação da fábrica argentina para receber a moderna plataforma CMP, caberá à nova geração do 208 materializar todo o reposicionamento de marca que a Peugeot está construindo no Brasil ao longo dos últimos meses.

Apesar de todos os custos envolvidos, a decisão da marca em alinhar o Brasil e região com o que há de mais moderno na Europa é correta e desejável em tempos de concorrência tão acirrada. Olhando para a história da marca em nosso país, a Peugeot não esconde o desejo de que o novo 208 crie no mercado o mesmo efeito do 206 quando foi lançado no fim da década de 1990, modelo que se diferenciava pelo design bem mais sofisticado em relação aos concorrentes à época.

E esse atributo certamente será o maior diferencial do 208 completamente renovado. É claro que hoje o segmento de hatches compactos premium evoluiu consideravelmente como podemos ver em modelos como VW Polo e Chevrolet Onix. Longe de serem carros básicos, esses hatches são capazes de entregar um nível de eficiência e tecnologia que há bem pouco tempo julgávamos difícil de encontrar em modelos da classe.

Começando pela parte externa, sem dúvida uma das soluções estéticas que mais agrada no novo 208 são os “dentes-de-sabre” formados pelo conjunto óptico. Trata-se da singular disposição em linhas verticais do conjunto de luz diurna em LED fazendo uma remissão às presas do extinto felino. Além de criar um conjunto sem igual no mercado, o design confere uma bela assinatura visual ao modelo. A grade frontal do novo 208 também ocupa boa parte da dianteira e o conjunto destaca-se pela ideia de esportividade e sofisticação sem deixar de lado uma certa robustez.

Com 4,05 m de comprimento e 2,53 m de entre-eixos, o 208 está alinhado com o que encontramos em hatches mais recentes, bem como seu porta-malas de 265 litros está próximo ao de modelos como o Chevrolet Onix. Interessante pontuar a boa distribuição dos volumes na carroceria, tornando o Peugeot um carro muito equilibrado nas formas. A novidade, contudo, não surpreende em termos de espaço interno, também ficando muito próximo ao que já encontramos nos seus competidores diretos.

 

Ponto alto da nova geração do hatch sem dúvida vai para a cabine, em especial em sua versão topo de linha Griffe, a qual tivemos nosso primeiro contato com a novidade.

Material usualmente encontrado em modelos de luxo, a Peugeot trouxe até mesmo o revestimento de Alcantara para os bancos do modelo, tecido bem interessante tanto do ponto de vista visual bem como pela suavidade no tato. A cabine segue as formas envolventes que encontramos nos SUVs 3008 e 2008 e a ergonomia é excelente, com os comandos em ótima posição e fáceis de operar.

Alguns avanços tecnológicos são interessantes, como o painel de instrumentos digital com um toque de holografia, algo que sem dúvida incrementa ainda mais a tecnologia.

O novo 208 mantém a interessante proposta do i-Cockpit, com o volante de pequenas dimensões e mais esportivo posicionado de uma forma mais baixa em relação ao cluster. O teto panorâmico fixo também é um item de série no novo 208 topo de linha.

Tabela em R$ 94.990, obviamente o Peugeot 208 Griffe tem um valor elevado, mas o que entrega não só em termos de design e acabamento, mas sobretudo equipamentos de tecnologia ajudam a explicar porque ele tornou-se mais caro.

Encontramos no modelo recursos como o farol alto automático, alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência e, algo raro de se ver nos carros produzidos na região, o sistema de correção ativa em complemento ao aviso de saída involuntária da faixa de rodagem. Mesmo modelos bem mais caros e de segmento superior, como o Toyota Corolla nacional, apenas avisam sobre a saída de faixa por meio de sinais gráficos e sonoros, sem realizar a efetiva correção do volante.

Ainda completam o bom pacote de itens de série do 208 Griffe os faróis full-LED com acendimento automático, reconhecimento de placas de velocidade, sensor de chuva e a câmera de ré com visão 180º que, inclusive, simula graficamente os veículos estacionados ao lado do 208 para facilitar a orientação do motorista e a manobra.

Considerando que hoje um VW Polo Highline é tabelado em R$ 90.690 e não traz nenhum assistente de condução mais avançado, o preço do 208 Griffe não mostra-se tão desalinhado frente aos rivais. Quando equipado com assistente de estacionamento e alerta de pontos cegos, o Chevrolet Onix Premier alcança R$ 80.290.

Talvez o ponto mais polêmico do novo 208 resida na questão do conjunto propulsor. Por uma questão de custos (mesmo motivo pelo qual não está nos planos uma versão PcD da novidade), a Peugeot trouxe para equipar as versões térmicas do hatch o já conhecido motor 1.6 16V flex com até 118 cv com etanol sempre associado ao câmbio automático de 6 marchas.

Rodando com o hatch pela cidade e estrada, podemos dizer que o propulsor entrega uma performance apenas razoável, sendo que ele deixa a desejar em trechos mais sinuosos, como em uma subida de serra, por exemplo. Uma rápida verificação nos números de fábrica nos permite colocar em perspectiva o desempenho do hatch. Segundo dados da Peugeot, o 208 Griffe 1.6 automático acelera de 0 a 100 km/h em 12 segundos quando abastecido com etanol, tempo consideravelmente superior em relação aos 9,5 segundos de um Polo Highline 1.0 TSI com turbo e injeção direta, assim como longe dos 10,6 segundos do Onix Premier, que também traz um 1.0 turbo sob o capô, porém com injeção indireta.

Em termos de consumo, o Peugeot 208 também fica devendo, com médias oficiais de até 10,9 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada com gasolina. No caso do Onix Premier, as parciais ficam em 11,9 e 15,1 km/l, respectivamente, sendo que o Polo Highline alcança 11,4 e 13,9 km/l nos mesmos cenários.

É uma pena que tornou-se uma conta financeira complicada para a Peugeot adaptar propulsores mais avançados no 208 argentino, como o 1.2 turbo, por exemplo, uma vez que a plataforma CMP confere ao hatch um comportamento dinâmico exemplar, até mesmo equivalente ao Polo, uma referência nesse assunto dentro do segmento.

A arquitetura avançada permitiu não são só ganhos ao volante como também entrega um nível de segurança superior, complementado pelos 6 airbags no 208 Griffe em conjunto com os controles de tração e estabilidade.

Com sua estratégia de precificação, indo de R$ 74.990 a R$ 94.990, fica claro que a Peugeot deseja atuar na faixa mais nobre dos hatches compactos, no caso olhando para o consumidor que pesquisa um modelo com propulsão acima de 1.0 l aspirada e geralmente equipado com transmissão automática.

Claro que, como mencionamos, você encontra opções com um custo-benefício mais interessante, como o já citado Onix Premier, mas existe uma parcela do público que não abre mão de um estilo mais sofisticado e uma cabine refinada, mesmo que tenha que pagar mais por isso. Esses consumidores poderão encontrar no 208 Griffe uma excelente alternativa. Você terá que abrir mão da eficiência mecânica entregue por rivais com propulsores sobrealimentados, mas estará a bordo de um carro com um nível ímpar de assistentes de condução e que cativa pelo cuidado na parte interna. Se esse é o seu caso, você tem na nova geração do 208 uma boa pedida. 

 
 
Peugeot 208 2021
 
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Ficha técnica

Peugeot 208 2021 Griffe 1.6 16V flex automático 4p
Preço R$ 94.990 (09/2020)
Categoria Hatch compacto
Vendas acumuladas neste ano 4.403 unidades
Motor 4 cilindros, 1587 cm³
Potência 115 cv a 5750 rpm (gasolina)
Torque 16,1 kgfm a 4750 rpm
Dimensões Comprimento 4,055 m, largura 1,738 m, altura 1,453 m, entreeixos 2,538 m
Peso em ordem de marcha 1178 kg
Tanque de combustível 47 litros
Porta-malas 265 litros
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