Avaliação rápida: Kia Cerato SX 2020

Aceleramos a versão topo de linha da quarta geração do sedan, que acaba de estrear no Brasil
Kia Cerato 2020

Kia Cerato 2020 | Imagem: Divulgação

Atualmente o terceiro carro mais vendido da Kia no Brasil, o Cerato é um modelo que conquistou um relativo sucesso por aqui em especial na sua segunda geração, comercializada entre 2009 e 2013. Com a economia e o câmbio mais estáveis à época, o sedan contabilizou 47.245 emplacamentos no período.

Veio o Inovar-Auto, a sobretaxa aos carros importados e o Kia Cerato perdeu bastante competitividade entre os sedans médios, segmento muito acirrado e que tem na dupla japonesa Toyota Corolla e Honda Civic seus principais representantes. Mesmo com a participação de modelos desse tipo perdendo cada vez mais espaço para os SUVs – os sedans médios chegaram a alcançar 8,83% de participação de mercado em 2015 e devem encerrar 2019 com 5% – a Kia ainda considera importante atuar na categoria e vai investir na importação da quarta geração do Cerato ao Brasil.

“Ainda existe um público que demanda modelos como os sedans médios. Eles são carros que entregam um rodar com mais qualidade, mais interessante para quem gosta de dirigir, em relação aos SUVs. Nós ainda achamos que vale a pena trazer alternativas para esse público”, explica Ary Jorge, diretor de vendas da Kia Motors do Brasil.

E se a ideia é realçar o bom comportamento dinâmico, em sua quarta geração o Cerato abraçou de vez um caráter mais esportivo, começando pelo design. Como a Kia explica, na dianteira notamos elementos que remetem ao Stinger, modelo símbolo de alta performance dentro da marca, como as entradas de ar frontais posicionadas nas extremidades do para-choque. A grande frontal também está mais arrojada, bem como os faróis e as lanternas.

Mas de nada adiantaria tudo isso se o novo Cerato não apresentasse ganhos efetivos nas respostas ao volante. Para isso, apesar de manter a plataforma do antecessor, o Cerato 2020 incorporou em sua estrutura um uso bem maior de aços de alta resistência (de 34% para 54%), bem como passou a utilizar mais adesivos estruturais (de 18 para 105 m no total) na junção de elementos da carroceria. Esse tipo de fixação é mais sofisticada e também para a segurança, favorecendo a deformação controlada da estrutura em colisões mais sérias. Com o pacote de melhorias, o Cerato tornou-se 20 kg mais leve, mesmo com um aumento até que considerável nas dimensões.

 

O entre-eixos segue com 2,70 m, o que confere ao Cerato 2020 ótimo espaço para os passageiros no banco traseiro, mas o comprimento ganhou 8 cm, saindo de 4,56 m para 4,64 m. Desse total, 6 cm ficaram por conta do maior balanço traseiro (distância do centro da roda ao para-choque), o que faz com que o porta-malas do sedan consiga transportar a partir de agora até 520 litros de bagagens. O ganho de 2 cm na largura, agora totalizando 1,80 m, foi outro aliado para deixar a cabine do novo Cerato com uma maior sensação de espaço.

Se o motor 1.6 16V oferecido até a geração anterior era interessante do ponto de vista da economia de combustível, como agora a ideia é posicionar o Cerato para um público que valoriza o prazer ao dirigir, a Kia optou por importar o sedan com um 2.0 16V flex sob o capô. Mais coerente com a proposta do novo Cerato, ele entrega até 167 cv e 20,6 kgfm de torque. Trabalhando somente com o câmbio automático de 6 marchas, o conjunto permite ao modelo alcançar médias de até 9,6 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada utilizando gasolina. Sem injeção direta, o propulsor traz sistema de aquecimento do combustível para facilitar a partida com etanol em dias mais frios. É um propulsor competente, mas não tão sofisticado quanto o 2.0 Dynamic Force (177 cv, 21,4 kgfm) presente na nova geração do Corolla ou com o ótimo nível de torque que encontramos no 1.4 TSI do VW Jetta (150 cv, 25,5 kgfm), por exemplo.

A Kia não divulga os dados de desempenho do novo Cerato, mas podemos esperar um 0 a 100 km/h na casa de 10,5 segundos. Dinamicamente, o sedan não surpreende nas acelerações e retomadas como um Jetta ou um Chevrolet Cruze, mas está em linha com o que encontramos no segmento. As melhorias em sua plataforma são sentidas ao volante, com um carro bem equilibrado nas curvas e neutro nas respostas, cumprindo a meta de ser mais estável e interessante para guiar em relação a vários SUVs. Interessante destacar que o Cerato 2020 conta com um seletor do modo de condução, que ajusta as respostas do carro entre os perfis mais econômico possível ou priorizando maior esportividade, algo que nem todos os concorrentes oferecem.

Também colabora para favorecer o bem estar a bordo a ergonomia e a posição de dirigir corretas com que o Cerato 2020 presenteia seu motorista. Ponto positivo também para a grande amplitude nas regulagens do volante e do banco do condutor.

Em termos gerais, o acabamento do novo Cerato está muito bom, apostando em uma boa seleção de plásticos para a cabine e revestimento de couro na versão topo de linha SX avaliada aqui. O modelo também oferece central multimídia completa, com tela de 8”, câmera de ré e os principais sistemas de espelhamento de smartphones. Também figuram no Cerato SX 2020 o ar-condicionado automático digital com 2 zonas (incluindo saída para o banco traseiro), chave presencial com partida por botão, lanternas com iluminação por LED, retrovisor interno eletrocrômico, entre outros.

Importante dizer que o novo Cerato em sua quarta geração chega ao Brasil desde sua versão de entrada EX (R$ 94.990) com 6 airbags e, finalmente, traz para sedan os controles de estabilidade e tração. A Kia acredita que a opção SX deverá responder por 60% das vendas do novo Cerato no Brasil, algo compreensível uma vez que ela reúne os principais equipamentos que o público do segmento espera encontrar em um representante da classe.

Que o Cerato 2020 inaugura muitas melhorias em sua nova geração isso ninguém nega, a grande questão é que, para obter um sucesso comercial maior, a Kia precisaria apostar em valores ainda mais convidativos.

Agora o Cerato passa a ser importado do México, o que naturalmente reduz alguns custos tributários, porém o preço em torno de 5% menor que grande parte de seus rivais ainda parece pouco para que o interessado em um sedan médio possa migrar das opções mais tradicionais do segmento para o representante da Kia.

Comparando o Cerato SX com os demais modelos do segmento, hoje encontramos o Toyota Corolla XEi tabelado em R$ 110.000 e o Honda Civic EX com valor sugerido de R$ 107.600, números próximos aos R$ 104.990 que a Kia vai cobrar pelo novo Cerato topo de linha.

Por mais que conte com atributos como os 5 anos de garantia, mesmo prazo que a Toyota passa a conceder ao novo Corolla nacional, a Kia deixa claro que sua estratégia comercial para o sedan vai focar em um público que já é dono de um Cerato ou tem mais simpatia pela marca, tanto que espera comercializar um volume de 350 unidades/mês do modelo por aqui. Apenas como comparação, o Toyota Corolla, líder em vendas entre os sedans médios, está emplacando um ritmo de 4.580 carros/mês neste ano.

Em resumo, o novo Kia Cerato chega ao mercado com evoluções pontuais, porém muito necessárias para dar vida nova ao sedan médio, bem como mais condições de torná-lo competitivo frente a rivais tão fortes como os que figuram na categoria. Ele não se sobressai se comparado aos concorrentes, mas pode ser uma opção para quem deseja um modelo mais discreto, preservando um conjunto mecânico robusto com um bom nível de equipamentos e acabamento.

 
 
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Ficha técnica

Kia Cerato 2020 SX 2.0 16V flex automático 4p
Preço R$ 104.990 (09/2019)
Categoria Sedã médio
Vendas acumuladas neste ano 1.247 unidades
Motor 4 cilindros, 1999 cm³
Potência 157 cv a 6200 rpm (gasolina)
Torque 19,2 kgfm a 4700 rpm
Dimensões Comprimento 4,64 m, largura 1,8 m, altura 1,44 m, entreeixos 2,7 m
Peso em ordem de marcha 1283 kg
Tanque de combustível 50 litros
Porta-malas 520 litros
Veja ficha completa