Avaliação na cidade: com desempenho moderado, novo Duster se tornaria mais interessante com motor turbo
Ao menos por enquanto, SUV compacto da Renault é oferecido no país apenas com o propulsor 1.6 16V
Após nosso contato com o novo Renault Duster 2021 na época da apresentação do SUV, o Autoo teve a oportunidade de realizar uma avaliação mais prolongada com o modelo na cidade, ambiente que responde por grande parte do uso dos motoristas.
Até o momento oferecido apenas com motor 1.6 16V da gama SCe, nosso contato com o SUV ocorreu a bordo da versão topo de linha Iconic. A grande vantagem é que ela já é equipada com a caixa automática CVT, tipo de câmbio que deve ser o mais procurado para o modelo.
Mesmo com o ótimo pacote de melhorias que recebeu em sua linha 2021, com direito até a recursos como o alerta de pontos cegos na configuração mais cara, o Duster não ignora o fato de que cumpre dentro da gama Renault a proposta de ser um SUV focado em oferecer um custo-benefício mais vantajoso e competitivo. Essa foi a fórmula de seu sucesso por aqui e não faria muito sentido abandoná-la.
É inegável que desde 2017, quando recebeu a opção do câmbio CVT, o Duster melhorou consideravelmente em termos mecânicos. Quem desejava o SUV em sua geração anterior com transmissão automática precisava optar por uma já defasada caixa com 4 marchas atuando em conjunto com o motor 2.0 16V. O consumo excessivo afastou muitos consumidores dessa opção para o Duster.
Para preservar o preço do SUV em um patamar menor, era esperado que a Renault fosse manter para o Duster 2021 a honesta combinação entre o motor 1.6 SCe aliado ao câmbio CVT, promovendo o importante acréscimo do sistema start-stop ao propulsor para ajudar na economia de combustível na cidade.
Não que os 120 cv e 16,2 kgfm de torque do 1.6 SCe fossem insuficientes para o novo Duster, mas talvez o que tire parte do brilho do comportamento dinâmico do Renault sejam as experiências ao volante que encontramos em outros SUVs compactos.
É claro que seus preços são superiores aos do Duster, mas se tomarmos como base o Chevrolet Tracker e o Volkswagen T-Cross equipados com seus respectivos motores 1.0 turbo, é notável como a sobrealimentação faz uma grande diferença nas acelerações e retomadas desses SUVs.
Ao volante do Duster na cidade, você perceberá que para vencer alguns aclives é necessário pressionar com vontade o acelerador em busca de respostas mais rápidas. O câmbio CVT tenta otimizar ao máximo toda a força que tem disponível para lidar, sendo que ele também oferece a possibilidade de realizar trocas sequenciais, um bom recurso para você utilizar na estrada, por exemplo, antes de uma ultrapassagem.
Não por acaso – e até em busca de aprimorar a eficiência – a Renault já aposentou o motor 1.6 no Duster europeu, substituindo-o por um (adivinhem só) 1.0 turbo. Mesmo com números de potência e torque inferiores em relação ao 1.6, comentários da mídia especializada europeia aprovaram a mudança e disseram que o novo motor fez bem ao modelo.
Mesmo se olharmos do ponto de vista da economia de combustível, as parciais registradas pelo Duster 1.6 automático não empolgam, chegando a 10,7 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada com gasolina. Os números oficiais ficaram próximos aos aferidos pelo Autoo durante nossa avaliação. Só como comparação, um Tracker 1.0 turbo registra, respectivamente, 11,9 e 13,7 km/l nos mesmos tipos de uso.
Em termos financeiros, por menos de R$ 90.000, assim como no caso do Duster Iconic, você consegue levar para casa o Tracker na versão LT. O representante da Chevrolet pode não ser tão completo como o Duster topo de linha, mas tende a agradar mais quem busca bom desempenho.
Outro ponto que merece uma ressalva no novo Duster e ficou bem claro durante nossa avaliação é a sua dirigibilidade. Muita gente considera a compra do Duster devido ao seu porte robusto frente a outros SUVs compactos e a Renault desejou enfatizar ainda mais esse ponto na nova geração do SUV ao aplicar no Duster 2021 a maior altura em relação ao solo, superando os 23 cm. Se ela deixa a vida a bordo do Duster muito mais fácil na hora de encarar valetas, lombadas e buracos, em curvas mais acentuadas é frequente perceber como a carroceria do SUV inclina muito lateralmente, o que pede atenção.
Como não houve uma mudança de plataforma no caso do Duster 2021, o modelo ainda apresenta uma certa concepção antiga de projeto, em que o porta-malas era mais valorizado do que o espaço para os passageiros. O Duster tem hoje o maior compartimento de bagagens entre os SUVs compactos (475 litros), porém modelos mais modernos e até com entre-eixos semelhantes, como é o caso do Tracker, entregam cabines com sensação de espaço superior.
Em resumo, hoje o Duster é o modelo mais “raiz” entre os SUVs compactos. Ele é destinado a um público bem específico, que usa a racionalidade como bússola para orientar a compra e está disposto a sacrificar atributos mais ligados com a emoção, como é o caso do desempenho e as respostas ao volante. Se esse é o seu caso, o Duster pode lhe atender muito bem. É inegável que um conjunto mecânico mais sofisticado tornaria o SUV muito mais interessante, contudo, como a Renault não pode correr o risco de deixar o Duster caro demais, é bem provável que o motor 1.6 SCe ainda permanecerá por um bom tempo sob o capô do SUV e, quem sabe, conviver ao lado do 1.3 turbo futuramente.
Ficha técnica
Renault Duster 2021 Iconic 1.6 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 87.490 (03/2020) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 19.477 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1598 cm³ |
Potência | 118 cv a 5500 rpm (gasolina) |
Torque | 16,2 kgfm a 4000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,376 m, largura 1,832 m, altura 1,693 m, entreeixos 2,673 m |
Peso em ordem de marcha | 1279 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Porta-malas | 475 litros |