Avaliação: Ford Territory é um esquecido que precisa ser lembrado
SUV médio chegou à segunda geração com bom pacote de equipamentos e preço convidativo, mas pouca gente sabe disso
“Que carro é esse? Territory? Caramba, não sabia que tinha um novo”, me disse um transeunte enquanto eu estacionava para buscar meus filhos na escola. Ele disse que conhecia a primeira geração do SUV da Ford, mas que não sabia da segunda. “Ficou bonito, né? Grande…”, exclamou.
Ficou grande mesmo. O novo Territory cresceu e chegou a 4,63 m de comprimento, 1,71 m de altura, 1,93 m de largura (com os retrovisores) e 2,72 m de distância entre-eixos. O porta-malas está 100 litros mais generoso e chega a 448 litros.
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O resultado é um SUV com porte próximo ao do Jeep Commander, mas muito mais barato —e só com cinco lugares. A pedida é de R$ 209.990 já em sua única versão top de linha Titanium bem equipada com itens como piloto automático adaptativo, teto solar panorâmico, bancos de couro, ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura e rodas de 19”.
Realmente o Ford Territory merecia números maiores nas vendas. Em outubro foram apenas 175 unidades emplacadas. O Volkswagen Taos, que não é um exemplo de sucesso na categoria, vendeu 1.865 carros.
Os dois bem longe de Toyota Corolla Cross (3.682) e Jeep Compass (4.640) seus concorrentes mais famosos. Sem contar o Honda ZR-V, que não apareceu no ranking de vendas ainda.
E explico o porquê. No primeiro contato, sai o visual sem graça da primeira geração e entra um novo SUV com mais presença e linhas modernas, embora genéricas. O logotipo poderia ser um Hyundai ou um Chery sem sustos, mas é um Ford e também um Jiangling, empresa chinesa que faz o Territory em união com a Ford.
A traseira é mais elegante com lanternas horizontais formada por LEDs e o nome do carro com letras espalhadas entre elas.
O interior é o ponto alto. Também não tem identidade alguma, é verdade. As duas telas de 12,3 polegadas lado a lado, uma com o quadro de instrumentos e a outra com a central multimídia, viraram padrão na indústria automotiva e estão lá no Territory.
O que se destaca é a qualidade do acabamento. A escolha dos materiais e no tom de azul dos bancos e revestimentos foi um acerto da Ford. Há imitação de madeira em detalhes e o console central é em preto brilhante.
Os principais comandos estão na central multimídia, mas há um pequeno teclado com botões sensíveis ao toque, mas nem tudo dá para fazer por ali. Quem usa o Android Auto ou o Apple CarPlay —que dispensam o cabo do celular— vai ter que fazer malabarismo para sair do sistema e acessar o ajuste do ar-condicionado, por exemplo.
Os bancos revestidos de couro azul marinho são confortáveis e quem vai atrás conta com o assoalho plano para caber três pessoas sem aperto. O porta-malas de 448 litros é suficiente e se abre de forma elétrica e também por gestos com o pé abaixo do para-choque.
A partida é por botão e a seleção da marcha é feita por um botão giratório, outro item que parece ter virado obrigatório nos carros modernos. E aqui começam meus poréns quanto ao Territory.
Assim como o rival Honda ZR-V, o Territory não foi pensando em quem procura um grande desempenho. O motor 1.5 turbo Ecoboost com injeção direta, movido a gasolina, e comando variável, é capaz de entregar 169 cv de potência e 25,5 kgfm de torque. Parece muito, mas é preciso lembrar que o SUV da Ford tem 1.705 kg.
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O resultado é um desempenho apenas suficiente. Não a ponto de fazer o motorista sofrer em arrancadas e ultrapassagens, mas também não vai tirar um sorriso de satisfação. Talvez quem se proponha a pagar quase R$ 210 mil em um carro queira um pouco mais. Mas se não for o caso, o conforto, o bom acabamento e o preço competitivo em relação à concorrência merecem uma visita à concessionária.
O homem que perguntou sobre o carro na rua me disse que está em fase de compra e que vai procurar um Territory. Foi bom tê-lo lembrado disso.