Avaliação: BYD Dolphin Mini tem tudo para ser seu primeiro elétrico
Modelo chega ao Brasil com preço de R$ 115.800, visual e acabamento atraente, mas mostra que tecnologia ainda é restrita às cidades
O tão aguardado BYD Dolphin Mini chegou ao Brasil. O subcompacto desembarcou nesta semana para ser um dos elétricos mais baratos do mercado, brigando até com modelos a combustão da mesma categoria.
O preço sugerido é de R$ 115.800, portanto, bem acima do Kwid e-Tech, que é oferecido por R$ 99.900. A BYD, no entanto, lançou o modelo com um preço promocional de R$ 105.800 incluindo o wallbox, que vale R$ 7 mil. O valor é limitado aos primeiros compradores do carro.
Veja a seguir o que achamos do Dolphin Mini em nosso primeiro contato com o elétrico.
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Ar de Lamborghini
O visual já era conhecido desde que ele se chamava Seagull na China. É um hatch pequeno com linhas esportivas. Tão esportivas que tentaram dar um ar de Lamborghini nele com os faróis quase triangulares. A frente é quase toda lisa, com entradas de ar na parte de baixo do para-choque.
As linhas laterais são ascendentes e recortam as janelas das portas traseiras. As caixas de rodas têm molduras grossas interligadas por um friso e ocupa boa parte das portas. As rodas de 16 polegadas são de série, mas são calçadas por pneus 175/55. Falo deles mais para frente.
A traseira também tem um visual bem legal. As lanternas são de LED e interligadas por uma barra que se acende na tampa do porta-malas. O vidro é alto e estreito e conta com um spoiler bem comprido sobre ele. Talvez por isso a BYD tenha dispensado o limpador. Como no nosso rápido período de teste não tivemos chuva, não pudemos dizer se ele faria falta ou não.
Por dentro, a primeira coisa que chama a atenção é a cor azul. Não estamos acostumados a ter cores no acabamento dos carros nacionais. É sempre o cinza, o preto, no máximo um marrom. Mas a BYD oferece esse tom de azul escuro das fotos que combina com a carroceria preta e branca, azul claro com o carro verde-limão, ou rosa com a carroceria também rosa ou branca.
Impressiona também a qualidade do material. Os bancos de estilo concha são confortáveis e seguram bem o corpo do motorista. Há revestimento com bons plásticos e imitação de couro em algumas partes. A tela multimídia de 10 polegadas é giratória como todo BYD e há acesso ao Android Auto sem cabo.
O console central serve como apoio de braço e avança como uma ponte em direção ao painel. Na ponta dele, um suporte de celular serve como carregador por indução. Se preferir deixar mais escondido, há outro carregador em baixo.
Para os ocupantes do banco traseiro, essa “ponte” esconde outro porta-objetos, mas não tem portas USB e nem saídas de ar-condicionado. Lembrando que atrás só dois ocupantes podem se sentar, já que há apenas dois cintos de segurança. Uma versão de cinco ocupantes, ou seja, com uma terceira pessoa atrás, está à caminho.
O espaço é bom. Apesar de ser um carro curto, com 3,78 m de comprimento, os eixos ficam nas extremidades da carroceria, deixando um vão entre eles de 2,50 m. Por isso há área suficiente para um adulto se sentar atrás sem bater a cabeça no teto como no principal rival hoje do Dolphin Mini, o Renault Kwid E-Tech, que tem 3,73 m de comprimento e 2,42 m de distância entre-eixos.
O porta-malas do BYD tem 230 litros (são 290 l no Kwid). Parte do espaço já é tomado por duas pequenas bolsas que levam os cabos e carregadores. Também não há um tampão protegendo o bagageiro. Mas vale lembrar que o Dolphin Mini, como todos os elétricos pequenos, ainda são voltados para o uso urbano.
A autonomia medida pelo Inmetro é de 280 km. A bateria do tipo blade de LFP (lítio-fosfato-ferro) tem 38 kWh e carrega de 20% a 80% em cerca de 30 minutos de forma rápida.
Cuidado com as curvas
E resta saber como ele anda. A chave é presencial, então basta apertar o botão de liga e desliga que a tela à frente do motorista indica a previsão de 380 km de autonomia com a bateria cheia. Ela mostra o velocímetro e outras informações como o consumo energético naquele momento.
O seletor de marcha é uma pequena alavanca no console central. Um toque para baixo e o Drive é selecionado. Um toque para cima aciona a ré e, para parar e acionar o freio de mão, basta apertar a tecla P na lateral. Esse conjunto de teclas ainda trás os comandos do ar-condicionado, —mas é menos complicado fazer isso pela tela ou até por comando de voz—, e volume do rádio.
A aceleração do Dolphin Mini é rápida. A marca não divulga a aceleração de 0 a 50 km/h, mas certamente é bem mais animadora que os 14,9 segundos para chegar aos 100 km/h. É porque a arrancada é mesmo forte, mas depois o motor de 75 cv vai perdendo o fôlego e entrega esse desempenho similar a um 1.0 aspirado. As retomadas, no entanto, são bem ágeis. O torque é de 13,8 kgfm.
Hora de pegar a estrada. A agilidade do motor se mostra presente, mas é preciso lembrar que a velocidade máxima é de 130 km/h, então pode faltar força em uma ultrapassagem. Outro ponto a se atentar é a suspensão. Macia demais, faz o carro inclinar bastante em curvas mais fechadas, passando uma sensação de instabilidade.
Tudo isso é agravado pelos pneus finos, 175/55. A largura é a mesma do Kwid E-Tech, mas em rodas de 14 polegadas. Além da limitação física, essa medida é difícil de ser encontrada no mercado de reposição.
Mas ao menos o Dolphin Mini é bem equipado. Vem com ar-condicionado automático, seis airbags, ajuste elétrico do banco do motorista e faróis de Led.
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A BYD afirmou durante o lançamento em 28 de fevereiro que já tinha mais de 6.700 pedidos pelo novo elétrico.
Se a intenção é ter um primeiro carro elétrico, mas sendo o segundo carro da família, o Dolphin Mini entrega um bom pacote de segurança e conforto. Tem tudo para isso.