Aumento do IPI passa a valer, mas ainda não chega ao bolso do consumidor
Para maior parte das montadoras, repasse para os preços dos carros importados só acontecerá em janeiro
A medida protecionista do governo brasileiro, que aumenta em até 30 pontos percentuais o IPI para veículos importados, começou a valer a partir desta sexta-feira, 16, mas o efeito para o consumidor só deve aparecer em 2012. A razão é que apenas os veículos que desembarcarem no Brasil de agora em diante pagarão o imposto mais alto. Ou seja, enquanto os estoques durarem, as montadoras não deverão repassar esse aumento.
Pelo menos é o que dizem as fabricantes ouvidas pelo AUTOO: “por enquanto valem os preços antigos até o final do ano”, foi a frase mais ouvida pela reportagem. Mas há exceções. A coreana Kia, por exemplo, já reajustou o preço de seus modelos, todos eles importados. O Sportage, por exemplo, está 4,2% mais caro mas o Picanto, novidade da marca, teve um acréscimo de quase 10% em seu preço – de R$ 34.900 para R$ 38.190.
Segundo um concessionário da Kia, o novo valor já está valendo, mesmo para um veículo que foi nacionalizado antes do aumento. Outra que alterou seus preços foi a Citroën. A minivan C4 Picasso e o sedã de luxo C5, importados da Europa, estão R$ 2 mil mais caros que antes.
A Porsche, ao contrário, manteve os preços reajustados após o primeiro anúncio, em setembro. O Cayenne, seu veículo mais vendido, teve um acréscimo de quase 19% na versão mais barata.
Aumento progressivo
Embora haja poucos reflexos imediatos, o fato é que os preços dos importados certamente subirão a partir de janeiro e devem passar o ano de 2012 recebendo pequenos reajustes mensais para amenizar o prejuízo para as marcas.
Segundo analistas, o aumento do IPI deve significar um acréscimo de até 28% no preço final dos veículos, mas a tendência é que as marcas repassem esses valores aos poucos para não espantar os clientes e também não causar um rebuliço no mercado de usados – um modelo comprado antes do aumento, mesmo revendido, poderia dar lucro ao proprietário, por exemplo.
As chinesas, entre as mais atingidas pela medida, decidiram só repassar algum aumento em janeiro. A mesma situação ocorre com as marcas premium como Audi, BMW e Mercedes. Entre as coreanas, Hyundai e SsangYong mantiveram os preços até o final do estoque.
Já as marcas tradicionais foram pouco afetadas. A Volkswagen, que traz alguns modelos premium da Europa, a Chevrolet, com os canadenses Malibu, Camaro e o australiano Omega, e a Ford, com o Edge, não modificaram seus preços. Mesma situação vivem as japonesas Toyota, Honda, Mitsubishi e Suzuki, que só irão divulgar mudanças no início de 2012. Fiat, Renault e Nissan não possuem nenhum veículo importado de regiões fora do Mercosul e do México.