Audi TT: o pequeno notável melhor do que nunca
Terceira geração do cupê esportivo da Audi chega ao Brasil mais refinado pelo mesmo valor do antecessor, R$ 209.990
“Você só chama atenção dentro de carrinhos quando é um bebê”. A frase em tom bem-humorado foi uma das escolhidas pela Audi para estampar as propagandas de seu mais recente lançamento no Brasil. E, convenhamos, caiu muito bem, uma vez que o produto é nada menos que a terceira geração do TT, um dos esportivos mais emblemáticos da montadora alemã. A bordo do renovado (leia: mais moderno, mais leve e mais potente) cupê, o desafio é mesmo passar despercebido, independentemente da idade do motorista.
Já nas lojas, a versão de entrada Attraction custa exatamente o mesmo valor da anterior R$ 209.990, porém oferece muito mais. A começar pelo bloco 2.0 TFSI que agora entrega 230 cv de potência (19 a mais do que na geração anterior, lançada em 2006) acoplado ao já conhecido câmbio S tronic com seis marchas e dupla embreagem. Além das alterações visuais que detalharei mais à frente, desde a versão “mais em conta”, o esportivo traz de série um painel de instrumentos totalmente digital, inédito nos modelos da Audi, batizado de Virtual Cockpit.
Agora, se a intenção é ter mais recursos ainda, por R$ 20 mil a mais (R$ 229.990), a versão Ambition adiciona rádio com sistema de navegação, ar condicionado automático integrado nas saídas de ar (muito chique!), três modos de condução, faróis Full Led, pacote de luzes e rodas de alumínio de 19 polegadas.
Ele é pop!
Embora este não seja o lançamento mais expressivo da Audi do Brasil em número de vendas – a marca espera vender 500 unidades até o final do ano -, com certeza foi o que a montadora mais investiu em exposicão. O cenário escolhido foi o Rio de Janeiro, com direito à festa com famosos, transfer de helicóptero e toda a pompa que uma marca premium tem direito. Para nós, do AUTOO, a verdadeira atração estava esperando em Saquarema, que fica na região dos Lagos (RJ), de tanque cheio e pronto para ser acelerado.
Escolhi um TT na cor cinza metálico, para não chamar muita atenção. Engano meu. Passantes se acumulavam para tirar fotos dos carros ainda parados. Na dianteira, o destaque é a grade mais larga e baixa que a do modelo anterior, enquanto os quatro anéis da Audi agora estão na ponta do capô, como no R8.
Os faróis, agora tem desenhos mais afilados - bi-xenon na versão Attraction e totalmente em LEDs na Ambition. O porte parrudo permanence, porém a marca fez alteracões pontuais na carroceria que contribuiram para um melhor desempenho na pista, ops, na rua. O “antigo” TT já tinha a carroceria em alumínio, mas na nova versão foram utilizados cinco tipos de aço (nos pontos que exigem maior rigidez) e três tipos de alumínio. Por essas e outras mudanças, como bancos mais leves, por exemplo, o peso do esportivo baixou cerca de 50 kg, totalizando 1.230 kg.
O comprimento do carro é praticamente o mesmo, 4,18 metros, mas a distância entre eixos aumentou 37 mm, reduzindo os balanços dianteiro e traseiro, o que se traduz em maior estabilidade.
Outros mimos do design que valem ser mencionados são a tampa de acesso ao tanque (um círculo cercado por parafusos, com abertura por um toque) e a luz de freio que é uma estreia e charmosa faixa de LED na traseira. O efeito é bem bonito.
Sem frescuras
À primeira vista, o interior não tem muitas “frescuras”, mas a tecnologia impera e o acabamento é impecável. A solução para dispensar uma tela central, por exemplo, foi condensar as informacões do carro, GPS, mídia, entre outras, em um painel de instrumentos totalmente digital, ao estilo do utilizado no Range Rover Sport. A tela de 12,3 polegadas tem resolução precisa e é fácilmente configurável em dois modos pelos botões do volante multifuncional ou pela central MMI. Outro ponto alto são os controles do sistema de ar-condicionado integrados às saídas de ventilação.
Dois adultos viajam com conforto. Se for necessario, duas criancas pequenas conseguem ir nos assentos traseiros, mas praticamente não sobra espaco para as pernas. Já o porta-malas, surpreedeu positivamente pelos 305 litros, é maior até que o do Jeep Renegade, que leva 260!
Aperte o play
Finalmente, dada a partida. Vamos combinar que 230 cv não é um número impressionante para modelos da marca das quatro argolas. Mesmo se você for o sujeito mais blasé da cidade, o TT vai te empolgar, especialmente pelo torque, digno de te fazer colar no banco e sorrir de orelha a orelha. Os 37,7 kgfm chegam cedo, a meros 1.600 giros. E que retomadas! Certamente, o câmbio de dupla embreagem tem seu mérito no desempenho do cupê, com trocas rápidas e precisas. Se quiser deixar a brincadeira mais divertida, pode-se fazer as trocas por aletas atrás do volante.
A suspensão dianteira McPherson e a traseira, com quatro braços, mantiveram o carro estável e seguro em altas velocidadas mesmo nos desagradáveis desníveis de pista. Tudo sob controle. Por falar nisso, a direção progressiva merece elogios e, ao atingir 120 km/h, o spoiler traseiro é automáticamente acionado para fazer o TT colar no chão. Vale lembrar que o esportivo conta com controle eletrônico de estabilidade e vetorização de torque nas rodas, uma ajuda extra para controlar a fúria do esportivo.
Segundo a Audi, o 0 a 100 km/h é feito em 5,9 segundos e a velocidade máxima (limitada eletronicamente) é de 250 km/h.
Beba com moderação
Ah, feliz era de motores modernos e eficientes… O novo TT recebeu nota A em sua categoria de acordo com a avaliacão do Inmetro e, conforme as medições da Audi, ele faz 12,7 quilômetros por litro na estrada e 9,9 km/h na cidade – números significativos para um veículo deste segmento.
Lapidado
A impressão que tive foi que a Audi lapidou o TT, que chega em sua melhor forma na terceira geração sem perder a essência da primeira, lançada em 1998. Embora o teste tenha sido apenas em uma rodovia com boa pavimentação, deu para notar que o TT não é dos esportivos mais baixos, que faz você derramar uma lágrima a cada “lambida” em valetas ou desníveis do asfalto. Salvas as devidas proporções é um carro que vai bem na cidade e, de quebra, faz bem para o ego. Para um solteiro (a), sem filhos, melhor. Mas seja lá qual for o estado civil, pra quem gosta de carros, brinquedos como o TT são sempre bem-vindos na garagem.