Após o VW up!, quais carros podem deixar de ser vendidos no Brasil
Com mercado em estado crítico, montadoras têm acelerado a aposentadoria de modelos antigos ou que perderam o apelo. Veja os prováveis veículos a caminho do fim
Com pouco mais de três meses, o ano de 2021 já está sendo marcado pela enorme quantidade de veículos descontinuados. Com o anúncio do fim (esperado) do Volkswagen up! nesta semana, já são sete modelos que deram adeus ao Brasil neste ano e que se somam a outros nomes que saíram de cena no final de 2020.
A situação extremamente crítica do mercado de automóveis novos no Brasil não deve dar trégua tão cedo, infelizmente. A combinação dos efeitos da pandemia com a crise econômica e os velhos problemas estruturais do país como custo elevado de produção, baixa produtividade e moeda desvalorizada têm sido fatais para marcas e modelos enfraquecidos.
É chover no molhado falar do caso da Ford, que já vinha cambaleando até ser afetada pela Covid-19 no ano passado. Se é pouco provável que vejamos algo parecido com outra marca é fato que os portfólios de quase todas as montadoras tendem a encolher, passando a ser focados em veículos mais rentáveis e modernos.
Por isso, o up! não deverá ser a última "morte" a ser anunciada em 2021. Ao menos seis conhecidos modelos podem ser aposentados nos próximos meses ou, no máximo dentro de um ano. Veja a seguir o que AUTOO considera os mais prováveis:
Com o fim da primeira geração da família Palio após a aposentadoria da Strada original (substituída com sobras pela nova picape), o Grand Siena tornou-se o único derivado dessa plataforma ainda vivo na Fiat. O sedã de formas volumosas ainda demonstra ter uma demanda respeitável – em torno de 1.300 veículos por mês – e certamente só não foi encerrado porque, entre outros motivos, o Cronos, produzido na Argentina, ainda não conseguiu emplacar como o irmão (brasileiro) Argo.
Apesar disso, não será surpresa se ele deixar de ser produzido em Betim. Atualmente, a Fiat comercializa duas versões do modelo, com motor 1.0 e 1.4 litro ainda como linha 2021.
Mais antigo ainda que o Grand Siena e o Uno (outro sobrevivente, mas que voltou a ganhar espaço no mercado), o Doblò vive há anos sob rumores do fim da sua produção. Mas a rara multivan, um tipo de carro ainda relevante na Europa, insiste em encontrar interessados mesmo custando horrores (em abril de 2021 saía por mais de R$ 114 mil). No mês passado, a versão de passageiros teve 565 emplacamentos, por exemplo.
O Doblò, no entanto, é uma carta na manga da Fiat, que pode sacá-lo quando há algum pedido mais significativo. Se eles não aparecerem, então, o modelo pode deixar o mercado discretamente.
Raro modelo global da Honda, o Fit já está na 4ª geração em mercados como o europeu e asiático. Lançado no Brasil em 2003, o versátil veículo sempre teve um público cativo, mas ele está se esvaindo em direção a outros carros, sobretudo SUVs. A própria Honda meio que matou o carro ao lançar o WR-V, uma adaptação aventureira do Fit e que hoje tem uma demanda maior por conta da queda nas vendas do monovolume.
Como a vinda da nova geração é pouco provável, tudo indica que a montadora japonesa trocará o Fit pelo City hatch, uma versão mais barata e em linha com futura geração do sedã.
O Fox é um carro curioso no porfólio da Volkswagen. Sua origem nos anos 2000 deveu-se a um projeto ambicioso de substituir o Lupo como carro de entrada da marca na Europa. A versão nacional, usando a plataforma PQ-24 do Polo anterior, mesclava características de um hatch compacto com uma minivan. Se demorou a agradar, o Fox mostrou-se com o tempo um produto bastante versátil e resistiu até mesmo a chegada do up!, que o sucedeu no Velho Continente.
Embora tenha perdido seus irmãos CrossFox e SpaceFox, o hatch compacto ainda demonstra um bom desempenho de vendas, mas isso não será suficiente para mantê-lo no mercado por muito tempo. O modelo até ganhou linha 2022 que, ao que tudo indica, deverá ser a última, quando a Volks sacará uma versão mais barata do Polo para cobrir sua lacuna.
Cada vez vendendo menos, seja na versão sedã ou hatch, o Cruze é uma espécie de zumbi no mercado brasileiro. No primeiro trimestre de 2021, os dois modelos venderam somente 1.324 unidades, números modestos até mesmo para a média do segmento. Produzido na Argentina, o Cruze ainda é considerado viável, segundo relatos da GM para a mídia do país, mas isso soa irreal.
Apenas nosso vizinho produz o modelo no mundo, após países como Estados Unidos e China encerrarem sua produção, portanto, não faz qualquer sentido mantê-lo vivo com uma demanda tão baixa. Ainda mais que a Chevrolet está investindo na fábrica de Alvear para produzir o Tracker e uma picape derivada dele e ainda inédita a partir do final de 2021.
No gancho do Cruze, a futura rival da Fiat Toro da Chevrolet pode ser a senha para o fim de um modelo que já faz hora extra no Brasil há tempos, a Montana. A picape compacta é um estranho no ninho na linha de produtos da marca já que deriva do Agile, hatch compacto lançado em 2009 para ganhar tempo enquanto uma plataforma mais moderna (o Onix) não era desenvolvido.
Se o Agile se despediu logo, a Montana continuou em linha mesmo com vendas para lá de modestas – este ano foram cerca de 750 até março. Embora a ‘Tracker picape’ não seja exatamente uma sucessora adequada para a Montana por ser maior e voltada para um público ‘pessoa física’, a própria GM não tem mais uma atuação tão significativa para clientes corporativos que precisam de um utilitário.
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