Após elétricos pegarem fogo, Hyundai anuncia recall de R$ 5 bilhões
Medida vai afetar 82 mil modelos elétricos que correm risco de incêndio
A Hyundai anunciou nesta quarta-feira (24) um recall mundial que não se destaca propriamente pelo número de veículos afetados, no caso 82 mil unidades, mas pelo valor que será gasto com a medida: o reparo é estimado em US$ 900 milhões, cerca de R$ 5 bilhões pela cotação atual.
A medida foi necessária após 15 carros elétricos da marca pegarem fogo, sendo 11 deles na Coreia do Sul, dois no Canadá, um na Finlândia e outro na Áustria. O recall, segundo a Hyundai, envolve 76 mil unidades do Kona fabricados entre 2018 e 2020, além do Ioniq em sua configuração elétrica e até mesmo do ônibus elétrico Elec City.
O assunto ainda resultou uma polêmica entre a Hyundai e a LG Chem, responsável pela produção das baterias presentes nos elétricos.
O componente parece ser a origem do problema, contudo a LG Energy Solution, uma divisão da LG Chem, declarou que a Hyundai aplicou de forma errada sugestões da empresa para o sistema de carregamento rápido da bateria. Ainda de acordo com a LG Energy Solution, as células da bateria não devem ser apontadas como a causa direta para os incêndios. O ministério dos transportes sul-coreano, entretanto, revelou em comunicado que foram encontrados alguns defeitos em células de bateria da LG produzidas na China. A Hyundai, até o momento, não comentou a causa dos incêndios e espera as conclusões da autoridade governamental sul-coreana.
Enquanto a troca das baterias não começa, a Hyundai instruiu donos do Kona e do Ioniq a limitar a carga das baterias a 90% da capacidade.
No fim do ano passado a Hyundai já havia conduzido um recall para o Kona, seu carro elétrico mais vendido, promovendo uma atualização de software após uma onda de incêndios. Uma unidade do Kona, entretanto, pegou fogo em janeiro, sinalizando para as autoridades sul-coreanas que o primeiro recall não foi suficiente para eliminar o defeito. Os US$ 900 milhões anunciados nesta quarta-feira compreendem também os custos da primeira campanha.
O recall desta semana será a primeira iniciativa de uma grande fabricante a ter de realizar uma troca completa do conjunto de baterias e, segundo especialistas, será um interessante precedente para avaliar situações do tipo, em especial porque estamos vivenciando as primeiras etapas da transição da frota global para automóveis elétricos.