Apesar da crise, ficou mais caro comprar carro em maio
Estudo revela que, no mês passado, os veículos começaram a ser comercializados por valores maiores que em abril
Apesar de maio ter mostrado uma ligeira recuperação nas vendas quando comparado a abril, os números do mês passado ainda podem ser considerados preocupantes, com queda de mais de 75% em relação a 2019. Para quem acredita que a demanda menor deveria levar os preços a ficarem menores, não foi isso que aconteceu em maio.
Um levantamento realizado pela Kelley Blue Book Brasil (KBB) revelou que, das versões de veículos novos pesquisadas, foi observada a elevação de preços de comercialização na maioria delas. Ao contrário do visto nos primeiros 45 dias de pandemia, não foram os modelos seminovos que puxaram as maiores tendências de aumento. O fenômeno foi observado entre os modelos 0 km, que tiveram alta de 2,25% em média no último mês.
Entre os 0 km, a maior elevação média ficou para os carros com ano modelo 2021, chegando a 5,32% de aumento. Os carros 2020 também mostraram aumento similar, chegando a 5,15%. Por outro lado, veículos com ano modelo mais antigo nos estoques das lojas, como 2018 e 2019, tiveram uma elevação bem menor, respectivamente de 0,04% e de 0,87%.
De acordo com a KBB, os modelos mais antigos foram adquiridos com preços pré-crise, possuindo assim uma maior margem de flexibilização de preços com mais incentivos, bônus e condições especiais de compra. Esse comportamento seria a justificativa para estabilização na prática dos preços desses carros.
O levantamento também observou que “à medida que o inventário das concessionárias vai se renovando com veículos com ano modelo 2020 e 2021, cuja produção já reflete os impactos da pandemia, os preços destes modelos valorizaram mais conforme observado em maio”. A KBB aponta que o dólar ainda é o principal vilão sobre o acréscimo de preços de carros 0 km. Houve valorização de quase R$ 2 na cotação do dólar entre dezembro e abril. Tal incremento afeta diretamente os custos de produção.
A KBB ainda reforça que o cenário de crise impôs novos desafios às fábricas. Entre eles, há o custo de reestruturação das linhas de montagem para a nova realidade de produção, com novas rotinas de transporte de funcionários, distanciamento físico e preocupação sanitária dos trabalhadores, além da preocupação com rentabilidade por unidade vendida em um mercado cujo ganho em escala é fortemente reduzido pela queda na demanda.
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