Análise: Volkswagen acertou em sua nova estratégia para a gama Polo?
Além das revisões estéticas na linha 2023, marca alemã promoveu um reposicionamento de preços para o modelo
Ao longo deste ano, o Volkswagen Polo apresentava sinais inegáveis de que precisava de alguma revisão estratégica para recuperar sua participação de mercado.
Como você confere em nosso ranking por categorias, o modelo da Volkswagen ocupava um discreto 11º lugar nos emplacamentos de hatches compactos no Brasil, com 2.314 unidades ganhando as ruas entre janeiro e agosto de 2022.
O volume em questão posiciona o VW atrás de modelos como o Renault Sandero (6.557 emplacamentos no perído) e o Toyota Yaris (16.393) e bem distante dos líderes Chevrolet Onix (52.511) e Hyundai HB20 (61.852).
A resposta da VW para encarar esse cenário foi conhecida nesta semana, com a estreia da linha 2023 do Polo.
Entre discretas melhorias estéticas, como a troca do para-choque dianteiro por uma peça redesenhada e a inclusão da iluminação em LED para os faróis, chamou a atenção na evolução de ano/modelo um trabalho por parte da marca alemã para realizar um reposicionamento de preços do hatch.
O maior destaque, sem dúvida, ficou por conta dos catálogos mais caros, em especial o Highline.
Valores
A configuração mais cara até o momento dentro da gama Polo 2023 ficou R$ 7 mil mais barata em relação ao ano/modelo 2022, porém isso foi obtido às custas de algumas alterações técnicas significativas.
A maior delas diz respeito ao conjunto mecânico. A partir da linha 2023, o Polo abandona a configuração 200 TSI para o seu motor 1.0 turbo com injeção direta e resgata a opção 170 TSI presente no extinto VW up!. Até mesmo os discos sólidos para os freios traseiros nas versões Comfortline e Highline foram substituídos pelos tambores convencionais, sistema mais simples e menos oneroso.
É compreensível que os 116 cv e 16,8 kgfm da calibração abrandada do 1.0 TSI alinha o Polo com os catálogos automáticos mais caros de Onix (com os mesmos 116 cv e 16,8 kgfm) e HB20 (120 cv/17,5 kgfm), porém é fato que o VW deixa de oferecer a performance superior proporcionada pelos 128 cv e 20,4 kgfm que ele oferecia até então.
Logo, fica claro que a Volkswagen passa a conferir um caráter mais racional ao Polo a partir da linha 2023.
Porém, resta a dúvida: será que ao abrir mão de um dos motores mais potentes do segmento, o Polo não deixa de oferecer, exatamente, um de seus grandes trunfos?
Se considerarmos que o Polo Highline 200 TSI 2022 alcançava parciais de até 12,2 km/l na cidade e 15,1 km/l na estrada com gasolina, as novas médias do Polo Highline 170 TSI (12,1 e 14,9 km/l, respectivamente) não apontam sequer para uma melhora nesse quesito.
Conteúdo
Outro ponto em que o Polo 2023 poderia ter evoluído diz respeito ao conteúdo de itens de série mais avançados.
O modelo, mesmo na opção Highline 2023 (R$ 109.990), não incorporou nenhum assistente de condução, ao contrário do Polo europeu, que recebe até recursos semi autônomos de apoio ao motorista, como a tecnologia IQ. Drive Travel Assist.
Traçando um paralelo com o Hyundai HB20 Platinum Plus (R$ 114.890), por uma diferença financeira não muito elevada o compacto sai de fábrica com o monitoramento de pontos cegos, alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, farol alto automático e assistência de permanência em faixa. Algo, sem dúvida, que será ponderado por um consumidor na hora de suas pesquisas.
Talvez, ao que nos parece, o maior acerto da VW na gama Polo 2023 ficou mesmo por conta da introdução do catálogo 170 TSI com câmbio manual, opção que vai atuar em uma faixa de mercado que registra boa demanda dentro da categoria.
Portanto, vamos acompanhar, daqui para frente, se a redução pura e simples nos preços do Polo 2023 nas opções Comfortline e Highline será suficiente para fazer o público voltar novamente sua atenção para o hatch.