Alvo do governo, marcas chinesas registram queda de 10,3% em 2012
Marcas filiadas a Abeiva reclamaram do IPI elevado para importadores e dólar alto
Enquanto o pacote de cotas com descontos para importação de carros prometido pelo governo brasileiro não é definido, os altos impostos (IPI e taxas de importação) para esse tipo de produto continuam sendo cobrandos normalmente. Por conta dessa indefinição política, a atuação de importadoras oficiais filiadas a Abeiva, que inclui 25 fabricantes, já despencou 24,9% em 2012.
Ao mesmo tempo, entre janeiro e junho deste ano, o mercado nacional de automóveis de passeio e comerciais leves registrou crescimento de 3%, segundo balanço da Anfavea.
Para a Abeiva, a associação das importadoras no país, a influência na queda nas vendas é decorrência nítida do IPI elevado e o dólar alto. “A viabilidade dos negócios em nosso setor chega a um ponto insustentável”, reclama Flávio Padovan, presidente da Land Rover no Brasil e também a frente do grupo de importadores oficiais.
Com a queda de praticamente ¼ do mercado neste ano, a contagem de modelos emplacados no período entre janeiro e julho caiu até um digito na comparação com 2011: foi de 108.864 unidades para 81.710 neste ano. “O market share da Abeiva no mercado caiu de 5,65% para 4,12%”, argumenta Padovan. Devido às dificuldades, o presidente da associação prevê uma perda de 10 mil postos de trabalho até o final do ano no setor, caso a política não seja revista.
Chineses em queda
Principal alvo do governo ao aumentar as taxas para importados, as marcas de origem chinesa, apesar do esforço, também sucumbiram aos maus resultados. No acumulado de todas as sete marcas chinesas presentes no país (Changan, Chery, Effa, Hafei, Jinbei, Lifan e JAC Motors) a queda já chega a 10,3% no ano, com um total de 31.309 emplacados conta 34.915 de 2011.
Empresa | 2011 | 2012 | Variação % |
Changan | 1649 | 1205 | -26,9% |
Chery | 9493 | 10271 | -8,2% |
Effa | 5960 | 2933 | -50,8% |
Hafei | 4332 | 3539 | -18,3% |
Jinbei | 400 | 665 | -66,3% |
Lifan | 1814 | 946 | -47,9% |
Jac Motors | 11267 | 11750 | -4,3% |
TOTAL | 34915 | 31309 | -10,3% |
Lifan e Effa foram as que mais caíram no período: 47,9% e 50,8%, pela ordem. A Chery, contrariando o impasse político, conseguiu alta de 8,2% - o trunfo da marca foi o lançamento do compacto S18, que compensou a queda geral no quadro da marca. Já a JAC Motors registrou alta de 4,3%, mas vale lembrar que a marca estreou em março de 2011, por isso tem como parâmetro um número ilusório.
Quem caiu e quem subiu?
Com o IPI elevado em 30 pontos percentuais a ser embutidos nos preços, os carros importados, que já são naturalmente caros, ficaram ainda menos convidativos. A alta no IPI abalou o mercado de luxo, que teve de elevar seus preços às alturas para manter a operação ativa.
As empresas com quedas mais expressivas foram BMW, Porsche e Volvo, com baixas no acumulado de 30%, 61,1% e 33,4%, respectivamente. Outras marcas, como MINI e Kia Motors, seguem anotando resultados negativos, com quedas de 24,1% e 45,3% no ano, pela ordem.
Mas nem tudo são ruínas entre os associados da Abeiva. Suzuki (-9,3%), Land Rover (-17,7%) e Ferrari (-10,3%) são alguns dos raros representantes com a conta positiva no acumulado de vendas do ano. As marcas do grupo Chrysler (Dodge, Jeep e Chrysler) também vêm acumulando resultados positivos no ano: o crescimento já chega a 37%.