Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi anuncia nova estratégia global com impactos relevantes no Brasil e países vizinhos
Empresas vão re-estruturar as atribuições de cada membro da parceria
Em um longo comunicado emitido nesta quarta-feira (27), a Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi esclareceu como será a nova estratégia global executada pelas três marcas nos próximos anos. O anúncio também traz novas diretrizes para o Brasil e demais países vizinhos.
Segundo o comunicado, o novo arranjo traz como ponto central a adoção da estrutura líder-seguidor (leader-follower) no desenvolvimento das atividades as empresas aliadas. Isso pode ser traduzido na criação de um “veículo-mãe” sob responsabilidade de determinada marca que pode originar “veículos-irmãos” para as outras fabricantes.
Um bom exemplo é o que ocorre hoje entre as picapes médias, com a nova geração da Nissan Frontier, que também deu origem à Renault Alaskan. Essa estratégia líder-seguidor, de acordo com a aliança, “deve entregar reduções de até 40% nos investimentos em modelos para veículos produzidos totalmente por meio desta estratégia. Estes benefícios devem ser somados às outras sinergias que já são praticadas atualmente”.
Outro ponto importante é que a aliança vai nomear cada uma de suas marcas como representantes em “regiões de referência” ao redor do mundo. Com isso, a Nissan será referência na China, América do Norte e Japão; Renault na Europa, na Rússia, na América do Sul e Norte da África e a Mitsubishi Motors no Sudeste Asiático (ASEAN) e Oceania.
Em seu comunicado, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi destaca que “na América Latina, as plataformas de produto B (compactos) serão racionalizadas, evoluindo de quatro variantes para apenas uma, tanto para produtos Renault como Nissan. Esta plataforma será produzida em duas plantas, cada uma produzindo para Renault e Nissan.
O anúncio revelado nesta quarta-feira sugere uma possibilidade até mesmo de fechamento de unidades produtivas na América do Sul, uma vez que hoje as marcas que integram a aliança contam com cinco fábricas na região: Colômbia (Envigado), Argentina (duas unidades em Santa Isabel, uma Renault e outra Nissan), Brasil (duas unidades, uma da Renault em São José dos Pinhais e outra da Nissan em Resende). Na Europa, como noticiamos, a perspectiva do fechamento de fábricas da Renault é real, inclusive retirando de linha diversos modelos por lá.
Seguindo a estratégia líder-seguidor, a aliança esclarece que a renovação do segmento de SUVs médios (C-SUV) após 2025 será liderada pela Nissan, enquanto a futura renovação do segmento de SUVs compactos (B-SUV) será liderada pela Renault na Europa e aproximadamente 50% dos modelos da aliança serão desenvolvidos e produzidos sob a nova estratégia ao longo dos próximos cinco anos.
“Em termos de eficiência tecnológica, as empresas-membro da Aliança continuarão a capitalizar suas vantagens existentes, para assegurar que cada empresa-membro continue a compartilhar o investimento em plataformas, grupos motopropulsores e tecnologias. Este compartilhamento já mostrou sua eficácia no desenvolvimento de grupos motopropulsores e plataformas e permitiu o lançamento bem-sucedido da plataforma CMF-B (veículos compactos) para o Renault Clio e o Nissan Juke, assim como a plataforma de modelos kei para o Nissan Dayz e o Mitsubishi eK Wagon. Posteriormente, serão trabalhadas as plataformas CMF-C/D (veículos médios/grandes) e CMF-EV (veículos elétricos)”, explica a aliança.
Por fim, as empresas também vão dividir o desenvolvimento de áreas específicas para seus futuros modelos. Caberá à Nissan trabalhar com condução autônoma, a Mitsubishi ficará responsável por conjuntos propulsores híbridos plug-in para segmentos de médio e grande porte, assim como a Renault deverá enfatizar os conjuntos propulsores elétricos.
É esperado que, ao longo da semana, cada uma das marcas envolvidas também anuncie estratégias específicas para os próximos anos. Vamos acompanhar.