Agora como C5 X, Citroën de luxo está de volta
Modelo mais sofisticado da marca ganhou ares aventureiros e estilo chocante, mas parece voltado apenas para convertidos
O Citroën C5 está volta, ou melhor dizendo, o C5 X, letrinha que, como se sabe, evoca o lado aventureiro dps carros. A marca francesa revelou nesta segunda-feira, 12. seu novo modelo topo de linha após um hiato de quatro anos.
Sim, a grife ‘C5’ seguia representada pelo C5 Aircross, mas a tradição da Citroën como marca ligada aos grandes modelos de automóveis merecia algum produto que honrasse o passado do DS, o icônico veículo de luxo de outros tempos.
A solução encontrada pela companhia foi mesclar estilos de um notchback com sportourer e, claro, um certo ar de SUV, embora o carro seja bastante baixo (1,485 m) e comprido – entreeixos generoso de 2,785 m numa carroceria com 4,8 metros.
À primeira vista, o C5 X choca. Se a frente em linha com o novo C4 faz sua parte, com uma grade bastante grande e um capô volumoso para flertar com os SUVs, a traseira parece um desastre com data marcada para acontecer. O perfil suave do teto tornou o compartimento de bagagens bem espaçoso, com 545 litros, mas esticou demais o carro, que com isso ganhou dois aerofólios (!), numa solução estética bastante questonável.
Talvez se a Citroën tivesse cortado a traseira abruptamente ou reduzido um pouco o balanço traseiro e teríamos um resultado mais esportivo, dispensando o horrendo spoiler na base do vidro. Vendo o C5 X pela lateral, essa sensação se reforça ao parecer que o carro começa bem, mas terminal mal.
Veja galeria de fotos do Citroën C5 X
Sem motores a diesel
Passado o impacto visual externo, o C5 X se mostra um automóvel espaçoso e elegante no interior, com materiais que passam qualidade e esmero. O painel, se não surpreende, parece coerente do que se espera de um carro dessa categoria como uma central multimídia com tela de 12 polegadas e cluster também digital. O modelo dispensa alavanca de acionamento das marchas, deixando o console bastante limpo e com imensos porta-copos presentes.
Como era esperado, o C5 X utiliza a plataforma EMP2, vista em vários projetos novos da marca, e por isso focada em reduzir o custo de produção a fim de permitir uma margem de lucro adequada para a empresa. Nem por isso o modelo deixará de investir no que se espera de um veículo desse porte. O foco da Citroën é o conforto e por isso o modelo oferece uma suspensão ativa com três modos de ajuste e tudo que se espera de tecnologia a bordo nessa categoria.
Com a Europa torcendo o nariz para motores a combustão, o C5 X chegará ao mercado sem motorização a diesel. Em vez disso, o carro terá versões a gasolina e híbrida, esta combinando um motor 1.6 turbo com elétrico capaz de entregar 225 hp de potência em conjunto. O motor elétrico, inclusive, pode ser usado isoladamente até 135 km/h com uma autonomia máxima de 50 km.
Modelo de imagem
Se na Europa, onde chegará às lojas no segundo semestre, a Citroën pode sonhar com um volume de vendas razoável, fora do continente o C5 X é uma incógnita. Seu estilo poderia agradar na China, mas o grupo tem focado na marca DS na região.
Quanto ao Brasil, o C5 X parece um modelo bastante improvável de constar de seu portfólio, hoje resumido apenas ao C4 Cactus momentaneamente. Importado, o Citroën de luxo custaria horrores e teria de enfrentar uma concorrência feroz, sobretudo alemã (além da Volvo), o que reduz brutalmente suas chances.
A esperança para os fãs da marca é que a Stellantis resolva vendê-lo como um modelo de imagem, capaz de atrair olhares e demonstrar que a marca segue viva e ousada. É pagar para ver.