Dia Mundial sem Carro: é possível abandonar o automóvel morando em uma metrópole?

Data motiva o público a trocar o deslocamento de carro por métodos alternativos e convida a uma reflexão sobre mobilidade
Trânsito

Trânsito | Imagem: Reprodução internet

Hoje, 22 de setembro, é a data que ficou famosa nos últimos anos como o Dia Mundial sem Carro, uma forma de fazer muita gente ao redor do planeta se conscientizar que é possível deixar o carro um pouco de lado e tentar formas alternativas de transporte.

Pensando nisso, o AUTOO resolveu a fazer sua parte nesta data e analisou até que ponto essa troca do carro pelos sistemas de transporte público e demais alternativas que estão surgindo ao longo dos anos, como os aplicativos de carona e serviços de carros compartilhados, podem valer a pena elhe convencer a deixar seu carro na garagem.  

Para nossa “experiência”, assim mesmo, entre aspas, uma vez que não temos qualquer pretensão científica ou técnica nessa reportagem, resolvemos criar a seguinte situação: valendo-se de aplicativos modernos, percorremos o mesmo roteiro, primeiro com o transporte público/coletivo e depois com um carro, procurando evitar os horários de pico. Nossa ideia é avaliar o tempo gasto entre as duas formas de deslocamento e analisar a qualidade das viagens em si. 

Pois bem, o roteiro em questão foi partir da região central de Santo André, município na região do ABC paulista, e seguir até um endereço na região da Marginal Pinheiros, na capital paulista, em uma distância de aproximadamente 20 quilômetros.

Para evitar distorções do tipo “você não fez o melhor caminho” ou “existe uma forma mais fácil de chegar até lá”, nós utilizamos dois aplicativos com funções bem parecidas, no caso o Moovit, que reúne informações e rotas utilizando o transporte coletivo, e o navegador veicular Waze. Tanto no Moovit como no Waze, deixamos os dois aplicativos calcularem a melhor forma de cumprir a viagem, sendo que nossa única escolha foi pelo trajeto mais rápido.

Nossa viagem começou primeiramente com o transporte público/coletivo. Com o smartphone carregado, selecionamos o Moovit, colocamos o endereço de destino e lá fomos nós. O aplicativo selecionou o deslocamento somente utilizando o transporte sobre trilhos, mesclando trem e metrô.

Como é comum nesse caso, sempre temos um deslocamento a pé que muitas vezes chega a ser considerável dependendo do terreno. Em nosso caso, até chegarmos à primeira estação, percorremos cerca de um quilômetro a pé sob um sol escaldante justo em um dia com menos de 20% de umidade do ar, logo não podemos dizer que nossa viagem começa tão bem assim, em especial ao ter que encarar algumas subidas pelo caminho.

Após embarcarmos em um horário de baixa demanda, percorremos 24 estações diferentes realizando transferências entre quatro linhas ferroviárias, sendo duas do sistema de trem metropolitano e duas do metrô. Nosso desembarque foi bem tranquilo e saímos da estação restando percorrer a pé apenas 500 metros até nosso local de destino.

Ao todo, para percorrer esse caminho inteiro, levamos 116 minutos e gastamos apenas R$ 3,80, já que todas as baldeações de nosso roteiro foram feitas sem custo adicional. Claro que essa economia financeira é muito significativa, porém, mesmo fora do horário de maior movimentação das linhas, não foi fácil se acomodar em uma cadeira para relaxar um pouco e talvez ver uma série no celular ou ler um livro. Muitas vezes foi preciso ficar em pé, com pouco espaço entre os passageiros.

Também notamos com uma frequência nada agradável períodos de desaceleração das composições, no metrô e no trem, em diferentes linhas. Não chegamos a parar, mas seguramente algo ocorreu para atrasar a viagem. De qualquer forma, ao longo de nosso deslocamento não precisamos nos preocupar com estacionamento, gastos com combustível, dentre outras despesas que acabam onerando sensivelmente o uso do carro.

Por falar nele, agora é a hora de realizar o mesmo percurso utilizando o automóvel.

Para manter um certo nível de coerência, evitamos sair também com o carro em horário de rush, deixando os dois deslocamentos em igualdade de condições para avaliarmos o tempo.

Com o Waze programado e seguindo à risca as orientações do navegador, cumprimos a mesma viagem em exatos 57 minutos.

Claro que, a bordo do carro, conseguimos viajar com muito mais conforto, bem acomodados em um banco agradável e beneficiados pelo clima aprazível proporcionado pelo ar-condicionado. Você tem a tarefa de se concentrar para manter-se atento ao volante, bem como pode se estressar em algumas situações de engarrafamento pelo caminho, mas mesmo assim estamos falando de uma economia de quase uma hora (ou 59 minutos para ser exato) no deslocamento.

Um dado interessante que é bom trazermos para a discussão é a conta elaborada por Reinaldo Domingos, do canal Dinheiro à Vista. Segundo ele, “o custo de manter um carro não se resume apenas ao combustível. Itens básicos são prestações, seguro, manutenção, IPVA, licenciamento, lavagens e até mesmo possíveis multas. A despesa chega, em média, a 2% do valor do carro. A manutenção de um veículo de R$ 20.000, por exemplo, tem um custo aproximado de R$ 400 ao mês”, explica Domingos.

Apenas como curiosidade, caso optássemos pelo uso do aplicativo Uber para realizar o mesmo deslocamento precisaríamos gastar em torno de R$ 60,00 para ter o conforto e a conveniência de alguém lhe buscar na porta de casa, fora a maior rapidez em relação ao transporte coletivo. O custo, obviamente, é bem superior.

Uma alternativa interessante que o Moovit também oferece é a possibilidade de gerenciar caronas entre passageiros e motoristas que estão indo para destinos semelhantes. Se a ideia fosse usar o recurso, gastaríamos em torno de R$ 6,60 com o incentivo na forma de descontos que o aplicativo está oferecendo ou aproximadamente R$ 14,00 da tarifa integral. Nesse caso, contudo, você precisa se encontrar com a pessoa que lhe oferecerá carona, que muitas vezes pode estar a um ou até mais do que 2 km de você.

Particulamente falando, a conclusão pessoal de minha “experiência” é que, ao contrário de alguns centros europeus muito bem desenvolvidos como Londres ou Paris, que contam com uma ótima estrutura de transporte coletivo, ainda não é possível abandonar de forma completa o uso do carro em uma cidade como São Paulo e adjacências. Infelizmente você encontra na região de São Paulo muitos endereços que não são atendidos de forma plena para estrutura de transporte coletivo e, nos horários de maior movimentação, o desconforto e a superlotação de vagões e ônibus estão longe de oferecer o conforto que todos merecem. Em muitos casos as falhas cada vez mais constantes do transporte sobre trilhos torna ainda mais precária a situação do transporte público em uma metrópole como São Paulo. 

Claro que a economia ao optar pelo transporte coletivo é imensamente maior, isso sem falar na questão ambiental, porém tudo depende de uma atitude mais séria da esfera pública em acelerar as obras e estruturar de uma forma cada vez mais digna o sistema de transporte público.

Abaixo você confere a opinião de Ricardo Meier sobre o tema. Além de ser um editores do AUTOO, Meier também é responsável pelo fan site Metrô CPTM, especializado no tema de transporte metroferroviário de São Paulo: 

Semana multimodal

"Se eu elegeria o carro no cenário descrito acima pelo César? Apenas se tivesse muita pressa. O roteiro usado por ele dentro da rede metroferroviária de São Paulo (com 12 linhas e mais de 330 km de extensão) é um dos mais complicados justamente por não ter mais ligações diretas. Uma baldeação ou duas, em caso de locais mais distantes, é o máximo que se pode tolerar para atingir um destino dentro de uma metrópole. Mais que isso e a chance de uma longa viagem acontecer é grande e aí o automóvel torna-se muito vantajoso, apesar de alguns custos possíveis como estacionamentos ou o seguro.

Como uma malha melhor seria possível fazer viagens em tempo menor e com um conforto razoável sobre trilhos. Já de ônibus, apenas os corredores parecem eficientes em tempo, porém, com vários contratempos como falta de pontualidade, calor, sujeira e insegurança.

Ou seja, não é fácil colocar em prática o tal Dia Mundial sem Carro. Talvez o ideal seria promover a "Semana do Transporte Multimodal", em que utilizássemos várias formas de transporte como bicicletas, ônibus, trens, táxis, caronas e os próprios automóveis. A cidade ganharia e a nossa saúde também."

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